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Um oásis. Refresco a alma em um banho milagroso nas águas da oportunidade. Procuro meu foco em tons de azul. Cristalino, turquesa, opala. É preciso voltar para a estrada, sabendo para onde quer chegar. Escolhendo a estrada em que haverá um alguém de malas prontas e esperando para estender o dedo e pedir para que a leve para qualquer lugar que eu deseje ir. Aventurando-se ao sair de casa e parar na beira na estrada, esperando bater no meu peito e fazer, por ela, meu coração parar.
Hora de partir. O banho nessas águas me fez piscar. E fechando e abrindo meus olhos tristes e cansados percebo que mesmo sendo por uma fração de segundo, muita coisa deixei naquele oásis. Perdi a chave do carro, a chave da porta. Deixei de sentir um pouco mais de brisa, deixei de ver o último raio de sol no céu. Vejo a estrada obscurecida pelos meus receios, assombrada pelos meus fantasmas.
Não vejo mais aquela mão estendida, as malas prontas. Talvez tenha entrado em outro carro, mais novo, mais bonito e mais potente. Talvez eu tenha passado em alta velocidade e não tenha a percebido. Talvez eu tenha piscado justamente na hora em que ela se foi. Ela não está mais lá. Agora, à noite, não tenho farol, não tenho mapa e não tenho bússola. Só sei ir adiante porque é pra onde a minha estrada leva. Rezando e esperando mais um dia nascer, mais a estrada se iluminar, mais uma mão estendida na beira da estrada eu encontrar.
Pense o que você quiser. (Y)