Hoje eu ouvi uma canção que me fez lembrar você.
Não sei se é certo voltar a escrever, mesmo após tanto tempo, uma carta e enviá-la. Contudo, as coisas que existem dentro de mim ficarão para sempre, ninguém poderá retirar ou apagar. Pois fomos o que fomos um para o outro. Esta é a minha história, que antes de te conhecer também era minha e, com você presente, passou por um breve momento a ser chamada de nossa.
O “nós”. Encaixe perfeito numa sincronia torta de “eu” e “você”. É engraçado como passa o tempo e, subitamente, o coração recorda e sente com saudade aquele abraço, aquele cheiro. Não que a deseje de volta. Acredito que, se um dia te encontrar andando pela rua, você não será aquela mesma que afagava meus cabelos com mãos leves e que tocava meus lábios com o dedo sempre que eu estava prestes a falar alguma besteira. Nós – eu e você – mudamos muito. Hoje minhas cartas são mais bem elaboradas, meu cabelo cresceu. Suas unhas – suponho – nunca mais foram pintadas de vermelho e aquele batom está guardado dentro da gaveta, junto com todos os presentes que te dei.
O errado sempre é o certo. Sabíamos disso.
As noites em claro, assistindo histórias de preconceitos, guerras, espera e tempo, cartas, cartas, cartas e cartas, me fizeram perceber que a vida não acaba quando um amor deixa de existir. O amor nunca deixa de existir, se transforma. Coisas ditas ao pé do ouvido não voltam ao coração. Noites abraçadas sob os cobertores não perpetuam o calor. Erros podem tornar-se acertos. Afinal, onde quer que você esteja, sei que está viva, está bem e está feliz. Sei que olha pro céu e enxerga sua estrela, seu príncipe ou sua flor.
Eu vejo a lua. Ela sempre será do mesmo tamanho, mesmo que a sombra de nosso Lar faça com que ela se vista de negro e esconda seu brilho, ás vezes. Eu vejo aquele píer, aquela casa verde, com a varanda em que eu me sentava para brindar à felicidade de ter você dentro de mim. Bebo um café amargo, choro o leite, quando fecho os olhos e a vejo cantando pra mim, e ainda acredito que a vida é um saco que vai se enchendo de grãos ao longo de sua longitude.
Mesmo distante, mesmo sem saber se um dia poderei fazer isso pessoalmente, gostaria de agradecer por ter sido um grande punhado do meu saco de felicidade. Dizer que jamais eu tirarei da cabeça aquela menina de sorriso doce e olhar enigmático que me conquistou à primeira vista, que nunca irei me esquecer dos desenhos, das cartas, das palavras, das brincadeiras e das lições. Sei que a vida reserva caminhos que, no início, não conseguimos aceitar, como eu não aceitei. Entretanto, se pensarmos o quanto de bom a vida nos trás com um revés, orgulhar-se acaba sendo uma consequência. Sempre o certo e nada mais.
Não sei se esta carta chegará ao seu destino como deve, mas se chegar, não se sinta obrigada em escrever uma resposta. O que quero que saiba é que poderá contar comigo pra qualquer coisa. Qualquer coisa.
Pois “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
“Até pra sempre”.
Pense o que você quiser. (Y)
terça-feira, abril 24
segunda-feira, abril 9
Mentes gêmeas.
Os olhos abrem-se no instante em que o primeiro raio de sol surge no céu obscuro. Talvez já até estivessem abertos, mesmo que sob as pálpebras. Fechados, porém lúcidos. Pois, por mais que houvesse tentado, não fora possível dormir naquela noite.
Ouço, o tempo inteiro, alguém falando sobre almas gêmeas. Leio em revistas, numerologia, astrologia ou todos esses estudos em que pouco acredito. Pensei que almas gêmeas fossem aquelas que se respeitam e se amam acima de tudo. Que se reconhecem num primeiro olhar e se entrelaçam e dançam. Que o corpo de cada uma dessas almas se abraçam, beijam e amam de forma insaciável e interminável, como se não houvesse tempo, como se o tempo fosse apenas um relógio de pulso que marca quatro e quarenta e cinco da manhã. Hora em que o telefone toca e que os olhos fechados não escutam, apesar dos ouvidos terem percebido o som.
Pois bem. Que sejamos, então, mentes gêmeas. Pois não há como não amar uma alma compatível com a minha. E eu não te amo, não agora. O que passei a nutrir por você é algo muito perto do desprezo. Um apanhado de decepção misturado com pena. Porque eu sei, juro, o que passa na sua cabeça. Sei que tenta me enganar e sei o porquê. E eu tento não ser ofensivo porque, apesar de tudo, não suporto ter que ver seu rosto envergonhado ou transbordando em lágrimas.
Porque é tão difícil dizer a verdade em sua forma mais bruta e primitiva? Porque resistimos sempre em configurar a verdade ao nosso modo para que caiba bem em nossa fala, ou para que pese menos no peito? Porque existe vergonha em dizer a incompetente verdade? Dizer que é fraco, que é pequeno, que é um insignificante ser humano sucumbido ao desejo e a saudade. Dizer que não consegue, que é fraco, pequeno e medíocre. Chorar adianta? Pior do que chorar é chorar sem arrependimento.
Sei onde mentiu, porque mentiu. Conheço as palavras certas. Não por saber demais, mas sim porque já tive a oportunidade de ser tão baixo e pequeno. Admito que ainda enfeito a verdade, quando me convém. Entretanto, nunca deixei de ser sincero com aqueles pelos quais tenho apreço imenso. Porque não disse que já estava esperando alguém em seu lar, em seu peito, antes de me dizer que fecharia os olhos, me daria a mão e seguiria comigo? Porque adicionou um “por acaso” em sua campainha? Porque chora agora?
Meus olhos estão fechados, porém lúcidos. Meus ouvidos escutam tudo o que tem pra dizer, mas continuo imparcial. Afinal, você nunca poderá saber se eu estou acordado ou dormindo.
Só peço que economize nas “invenções”. Pouparíamos bastante tempo.
Pense o que você quiser. (Y)
Ouço, o tempo inteiro, alguém falando sobre almas gêmeas. Leio em revistas, numerologia, astrologia ou todos esses estudos em que pouco acredito. Pensei que almas gêmeas fossem aquelas que se respeitam e se amam acima de tudo. Que se reconhecem num primeiro olhar e se entrelaçam e dançam. Que o corpo de cada uma dessas almas se abraçam, beijam e amam de forma insaciável e interminável, como se não houvesse tempo, como se o tempo fosse apenas um relógio de pulso que marca quatro e quarenta e cinco da manhã. Hora em que o telefone toca e que os olhos fechados não escutam, apesar dos ouvidos terem percebido o som.
Pois bem. Que sejamos, então, mentes gêmeas. Pois não há como não amar uma alma compatível com a minha. E eu não te amo, não agora. O que passei a nutrir por você é algo muito perto do desprezo. Um apanhado de decepção misturado com pena. Porque eu sei, juro, o que passa na sua cabeça. Sei que tenta me enganar e sei o porquê. E eu tento não ser ofensivo porque, apesar de tudo, não suporto ter que ver seu rosto envergonhado ou transbordando em lágrimas.
Porque é tão difícil dizer a verdade em sua forma mais bruta e primitiva? Porque resistimos sempre em configurar a verdade ao nosso modo para que caiba bem em nossa fala, ou para que pese menos no peito? Porque existe vergonha em dizer a incompetente verdade? Dizer que é fraco, que é pequeno, que é um insignificante ser humano sucumbido ao desejo e a saudade. Dizer que não consegue, que é fraco, pequeno e medíocre. Chorar adianta? Pior do que chorar é chorar sem arrependimento.
Sei onde mentiu, porque mentiu. Conheço as palavras certas. Não por saber demais, mas sim porque já tive a oportunidade de ser tão baixo e pequeno. Admito que ainda enfeito a verdade, quando me convém. Entretanto, nunca deixei de ser sincero com aqueles pelos quais tenho apreço imenso. Porque não disse que já estava esperando alguém em seu lar, em seu peito, antes de me dizer que fecharia os olhos, me daria a mão e seguiria comigo? Porque adicionou um “por acaso” em sua campainha? Porque chora agora?
Meus olhos estão fechados, porém lúcidos. Meus ouvidos escutam tudo o que tem pra dizer, mas continuo imparcial. Afinal, você nunca poderá saber se eu estou acordado ou dormindo.
Só peço que economize nas “invenções”. Pouparíamos bastante tempo.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: Olhos abertos, Olhos fechados
Postado por Dongo às 06:42 0 comentários
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