Há muitas pessoas neste mundo que insistem em dizer que toda e qualquer coisa que fazemos, decisões que tomamos, tem ligação com aquilo que sentimos vontade e com o que imposto à nós. Um pensamento indiscutivelmente correto. No entanto, se há um revés diante desta opinião, é o fato das pessoas insistirem com total convicção de que vontade pode ser obrigação e vice-versa. Vontade e obrigação são coisas completamente distintas. É como o "sim" e o "não", o "certo" e o "errado".
A vontade é espontânea, risonha e repentina. É o sorriso sincero, a gargalhada, a face corada, a cantoria do chuveiro. A vontade também é o choro, a raiva, a tristeza, o medo. Ter vontade é o mesmo que ter sentimentos, ao contrário da mecânica obrigação.
A obrigação é rotineira, monótona, fria e calculista. É o trabalho, a burocracia, a fome, a sede, a educação. A obrigação também é o esclarecimento, os dias, as horas. A obrigação é, infelizmente, uma prisão da qual não somos capazes de nos libertar por completo.
No meu caso, a obrigação maior é fazer unica e exclusivamente movido pela vontade tudo aquilo pelo qual tenho o livre arbítrio de opinar. Assim como a "verdade" e a "mentira", obrigações e vontades são coisas que convivemos e não somos capazes de abrir mão. Por este motivo, por esta obrigação que sinto em seguir somente as minhas vontades, sinto-me de uma maneira descepcionante. Não consegui ainda encontrar um adjetivo ideal para o meu sentimento nestas horas. Talvez tristeza, ou até raiva. Mas não é exatamente nenhuma dessas duas palavras.
Ter vontade é ter paciencia, ou compreensão, ou como quiserem chamar. Porque ter vontade é aceitar e respeitar, mesmo que atabalhoadamente. A obrigação não espera, cumpre metas, cumpre horários, é rápida, precisa, sem galanteios, sem rodeios. Vontade é querer conquistar aquilo, daquela maneira. Obrigação é querer conquistar a todo e qualquer custo.
A obrigação é inflexível, concreta e objetiva. A vontade muda de acordo com o tempo, aumenta ou diminui. Vontades não acabam, nem obrigações.
Sou uma pessoa com o espirito livre. Se faço qualquer coisa, é por vontade, porque a obrigação nos prende. Se pouco escuto a opinião alheia, é porque me leva a crer que eu seria obrigado a fazer, ás vezes, até aquilo que eu sinto vontade. Gosto de ser responsável pelos meus atos, não prejudicando ninguém. Se pouco me preocupo com a obrigação é porque não sinto vontade de tê-la. Portanto, saibam que a diferença é tão óbvia que até passa despercebido. Se os olhos não forem abertos, entretanto, jamais poderá ser enxergada.
Pense o que você quiser. (Y)
domingo, junho 6
Vontades e obrigações.
Marcadores: Quase-paradoxos
Postado por Dongo às 22:44
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