O corpo teima em não se levantar da cadeira. Mas mesmo assim levanta. Comete o doce erro de interferir na ordem natural das coisas. A louca lei da física, essa inércia que me conduz a manter-me em movimento constante. Manter-me inconstante, difuso e profuso.
Uma lágrima solitária escorre sobre minha face. Sai de dentro do rubro dos olhos cansados. Centímetro à centímetro sobre a barba cerrada. Não é o bastante para se redimir, mas o suficiente para extinguir o peso da dor da culpa da consciência. Para cada centímetro em direção ao chão da maçã de Newton, sobre a maçã de meu rosto, um mundo mais vivo, colorido e real surge. Mais propício, com veredas e singularidades.
O sorriso recebe essa lágrima de lábios abertos, agora. Pois não são só de olhos tristes que vive um semblante. Choros de alegria também existem, também formam-se constantemente, diariamente. Repentinamente. Vejo então, coisas além das trtistezas, das dores e da solidão. Vejo que por mais que pareça, agora, uma pessoa com ferimentos horriveis na alma, sentado, ouvindo uma melodia qualquer e enrolado no seu edredom, há comigo um alguém com compaixão infindável, sentimentos ímpares e paciência sobrenatural. Lembrando-me de que devo agradecer aos céus todos os dias por ainda ser esta mesma pessoa que fui desde sempre. Que a sociedade capitalista e completamente contaminada pela avareza ainda não me seduziu e tão pouco me corrompeu. Por mais que haja ocasiões em que temos que nos defender como Robin Wood, cometendo pequenos delitos e revidando à mesma moeda, todos os problemas são resolvidos e todos os verdadeiros ideais e índole mantidos.
Apesar de sempre conseguir me reerguer sozinho, ultimamente tenho um motivo a mais, uma companhia a mais, uma força a mais, para me manter sempre em linha reta. Pois não há problemas que não se dissipem quando esses momentos são vividos e aproveitados. Um abraço acolhedor, quem sabe mais pra frente, palavras de carinho, piadas, sorrisos e alegria. Tudo isso dentro de um ser humano. Ser sentimental, móvel e pensante. Algo que, cada vez mais, cresce um pouquinho, como aquela planta que a chuva rega todos os dias, como o sorriso que os olhos regam todos os dias. Sem palavras, sem ações.
Portanto, desta vez, não venho aqui para dizer algo e deixarem todos pensando o que quiserem. Quero simplesmente, humildemente, racionalmente, agradecer a cada dia, cada palavra e cada conversa que fora me proporcionada. Que o mundo gira e quem é bom pra nós fica. O que é bom pra nós haverá de ficar.
Mais uma peça no quebra cabeça que encaixa, mais uma lágrima que rega, mais uma batuta que rege. Mais um acorde, mais um sopro. Mais uma sinfonia. Mais uma frase sem sentido. Mais um "oi", mais um sorriso, mais um adeus. Mais um dia. Mais do mesmo. Mais eu quero. Mais e mais. Sempre.
Reedição do texto "Gotas que alimentam" , de 17 de abril de 2010
Com as devidas modificações que a ocasião exige.
Dedicado especialmente à Stephanie Moura. "rs :D"
Muito Obrigado. "Nova-mente" (Y)
domingo, maio 22
Em tom de cortesia.
Marcadores: "Nova-mente", Remake do Blog, Tom maior
Postado por Dongo às 23:04 1 comentários
domingo, maio 15
O filho do mundo.
Não haverão bifurcações nas estradas. Não haverão portas fechadas. Nem dos carros que pedirei carona e tão pouco das casas e albergues que me acolherão. Sou abraçado por essa esfera assim como uma mãe abraça seu filho especialmente querido e amado. Assim como minha própria mãe abraçava-me em minha infância. E pela esfera eu piso. Pela santa inspiração eu espero. Esperto eu fico, pois mesmo um abraço pode sufocar. Assim como haverão pessoas boas, outras não serão tão generosas assim. Mas não haverão pontes quebradas. Não haverão luzes apagadas.
Por onde passo, guardo a chave da porta. Meu chaveiro está repleto delas. E cada cama é minha por uma noite ou duas. Estou de volta! Vida nova, novamente. Nova a casa, nova a mente. Renova este sorriso ao me ver voltar, após me ver partir. Após me ver vencer. Pois eu venço cada obstáculo em cada rua que atravesso, em cada esquina que viro, em cada cafezinho na padaria que peço. Nunca me esqueço dos amigos que deixei por este desafio que a mim mesmo lancei. Guardo cada um destes em cada chave, em cada casa, em cada carro. Guardo cada um dentro da minha mente e das minhas lembranças. As lembranças de quem chorou ao me ver partir, sabendo que sorriria ao me ver voltar.
Pra quem sabe olhar pra trás, nenhuma rua é sem saida. Por isso que não haverão caminhos que não poderei cruzar. O almoço está na mesa e eu mesmo o fiz. Esta casa não é a minha, mas sou acolhido como filho. O hóspede que sabe onde guardar os talheres após lavá-los. A visita que varre o quintal, que leva o cachorro para passear. O tio, o sobrinho, o filho, o irmão. Uma grande família de uma única pessoa que nem o sangue diferente pode contestar essa legitimidade. Nem idade, nem documento. A família é formada a cada momento, a cada passagem. A cada partida e a cada regresso.
E o que há de haver quando o fim chegar? A estrada pode ter fim um dia. O planeta está ficando pequeno para seu grande filho. O abraço está ficando com seus braços curtos. Não se preocupe. Sábio foi O criador, que fez um mundo redondo, para que possamos voltar sempre para o nosso ponto de partida sem precisar regredir, sem precisar voltar. E para cada vez que cruzamos esse marco, eis que novas estradas surgem, novas aventuras se revelam. Mas as pessoas sempre serão as mesmas. As mesmas que choraram ao me ver partir e as mesmas que me acolherão quando eu voltar.
Uns dizem que eu não tenho paradeiro, que faço desordem, que sou alucinado. Dizem que renego meu lar, que nem sei onde ele fica. Pouco me importo. Poucos sabem que não importa o lugar que eu esteja, pois não importa onde eu esteja, qualquer lugar é o meu lar. Pois sou filho deste mundo, desta esfera. E ela me abraça.
Pense o que você quiser. (Y)
Por onde passo, guardo a chave da porta. Meu chaveiro está repleto delas. E cada cama é minha por uma noite ou duas. Estou de volta! Vida nova, novamente. Nova a casa, nova a mente. Renova este sorriso ao me ver voltar, após me ver partir. Após me ver vencer. Pois eu venço cada obstáculo em cada rua que atravesso, em cada esquina que viro, em cada cafezinho na padaria que peço. Nunca me esqueço dos amigos que deixei por este desafio que a mim mesmo lancei. Guardo cada um destes em cada chave, em cada casa, em cada carro. Guardo cada um dentro da minha mente e das minhas lembranças. As lembranças de quem chorou ao me ver partir, sabendo que sorriria ao me ver voltar.
Pra quem sabe olhar pra trás, nenhuma rua é sem saida. Por isso que não haverão caminhos que não poderei cruzar. O almoço está na mesa e eu mesmo o fiz. Esta casa não é a minha, mas sou acolhido como filho. O hóspede que sabe onde guardar os talheres após lavá-los. A visita que varre o quintal, que leva o cachorro para passear. O tio, o sobrinho, o filho, o irmão. Uma grande família de uma única pessoa que nem o sangue diferente pode contestar essa legitimidade. Nem idade, nem documento. A família é formada a cada momento, a cada passagem. A cada partida e a cada regresso.
E o que há de haver quando o fim chegar? A estrada pode ter fim um dia. O planeta está ficando pequeno para seu grande filho. O abraço está ficando com seus braços curtos. Não se preocupe. Sábio foi O criador, que fez um mundo redondo, para que possamos voltar sempre para o nosso ponto de partida sem precisar regredir, sem precisar voltar. E para cada vez que cruzamos esse marco, eis que novas estradas surgem, novas aventuras se revelam. Mas as pessoas sempre serão as mesmas. As mesmas que choraram ao me ver partir e as mesmas que me acolherão quando eu voltar.
Uns dizem que eu não tenho paradeiro, que faço desordem, que sou alucinado. Dizem que renego meu lar, que nem sei onde ele fica. Pouco me importo. Poucos sabem que não importa o lugar que eu esteja, pois não importa onde eu esteja, qualquer lugar é o meu lar. Pois sou filho deste mundo, desta esfera. E ela me abraça.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: Olhos abertos
Postado por Dongo às 18:47 3 comentários
domingo, maio 8
Nem fim, nem começo.
O poeta é um fingidor. Diz o que qualquer filósofo pode dizer, faz o que qualquer ser humano pode fazer, pensa como qualquer um pode. Como qualquer um, um poeta é um operario da língua, da construção, da obra da ficção. Finge que é dor àquela que parece ser qualquer coisa que não a própria. Finge sorrisos e finge ser soberano. Faz com que tudo pareça bem e com que tudo pareça superado, mas no fundo, bem lá no fundo, sofre a dor que deveria não sentir.
Mentiras tornam-se verdades.
Como aquela caixa em que guardei um caderno. O mesmo caderno que joguei no mar, pela janela do ônibus. Caderno este que, não importasse o quando fosse escrito nele, jamais iria terminar suas páginas, pois o caderno estava dentro da minha mente. Simplesmente desejei que ele não existisse mais. Como um pedido feito ao gênio da lâmpada, folhas intermináveis de papeis imaginários foram jogados para fora, cuspido, por uma janela real e para um mar mais real ainda.
Aquela camisa que já queimei, já rasguei e já dei para outras pessoas desconhecidas até pra mim, continua intacta, esperando pela sua verdadeira dona. Esperando ser tirada sua etiqueta, seu alarme, sair do seu ninho. Voar direto para a sua caixa. Pois ela já está lá, esperando um laço, dois braços, três dias e meio. Ninguém há de entender.
Verdade tornam-se mentiras.
Com tantas e tantas mulheres já deitei. Tantas noites passei em claro, me arrependendo por tudo que fiz, renegando tudo que me fora dado. A pergunta "Porque, meu Deus?" que não sai mais da minha mente, não sai mais da minha boca, das minhas lágrimas. Não sai mais. Pois está presa, agora, na garganta. Não peço, não rezo e não confio. O tempo não serve pra curar feridas, mas sim para fazermos esquecer delas adiquirindo outras tantas novas. Tantas e tantas.
O ingresso do show que custou uma fortuna está desde ontem há mais de meses em minha posse. Possessivo e objetivo por um passado ilusório que tornou-se um presente real graças a séculos e graças a tantas e tantas 24 horas. Falo assim como meus idolos falam comigo. Coerencia é a falta de criatividade e o excesso de prudência. Pra que entender quando podemos, simplesmente, ver, sentir e imaginar? Imaginar é mais importante do que conhecer, do que entender. Língua para fora se eu estiver correto.
Olhe minha imagem refletida no espelho. Veja se sou mesmo um cara feliz. Preciso que minha alma ganhe um abraço apertado, para aliviar o sofrimento de um ano com 14 meses. Sete dias atrás, fizeram cinco dias que eu mudaria minha vida. e nesta matemática, nada melhor do que fazer a soma mais óbvia da face da terra.
Somamos eu e você. Pois não há remédio. Não existe remédio que eu possa tomar. A não ser aquele que vem de seus lábios, que vem de seu cheiro.
Que vem de sua estranha e louca sanidade.
Pense o que você quiser. (Y)
Mentiras tornam-se verdades.
Como aquela caixa em que guardei um caderno. O mesmo caderno que joguei no mar, pela janela do ônibus. Caderno este que, não importasse o quando fosse escrito nele, jamais iria terminar suas páginas, pois o caderno estava dentro da minha mente. Simplesmente desejei que ele não existisse mais. Como um pedido feito ao gênio da lâmpada, folhas intermináveis de papeis imaginários foram jogados para fora, cuspido, por uma janela real e para um mar mais real ainda.
Aquela camisa que já queimei, já rasguei e já dei para outras pessoas desconhecidas até pra mim, continua intacta, esperando pela sua verdadeira dona. Esperando ser tirada sua etiqueta, seu alarme, sair do seu ninho. Voar direto para a sua caixa. Pois ela já está lá, esperando um laço, dois braços, três dias e meio. Ninguém há de entender.
Verdade tornam-se mentiras.
Com tantas e tantas mulheres já deitei. Tantas noites passei em claro, me arrependendo por tudo que fiz, renegando tudo que me fora dado. A pergunta "Porque, meu Deus?" que não sai mais da minha mente, não sai mais da minha boca, das minhas lágrimas. Não sai mais. Pois está presa, agora, na garganta. Não peço, não rezo e não confio. O tempo não serve pra curar feridas, mas sim para fazermos esquecer delas adiquirindo outras tantas novas. Tantas e tantas.
O ingresso do show que custou uma fortuna está desde ontem há mais de meses em minha posse. Possessivo e objetivo por um passado ilusório que tornou-se um presente real graças a séculos e graças a tantas e tantas 24 horas. Falo assim como meus idolos falam comigo. Coerencia é a falta de criatividade e o excesso de prudência. Pra que entender quando podemos, simplesmente, ver, sentir e imaginar? Imaginar é mais importante do que conhecer, do que entender. Língua para fora se eu estiver correto.
Olhe minha imagem refletida no espelho. Veja se sou mesmo um cara feliz. Preciso que minha alma ganhe um abraço apertado, para aliviar o sofrimento de um ano com 14 meses. Sete dias atrás, fizeram cinco dias que eu mudaria minha vida. e nesta matemática, nada melhor do que fazer a soma mais óbvia da face da terra.
Somamos eu e você. Pois não há remédio. Não existe remédio que eu possa tomar. A não ser aquele que vem de seus lábios, que vem de seu cheiro.
Que vem de sua estranha e louca sanidade.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: G.B., Olhos fechados
Postado por Dongo às 20:56 1 comentários
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