domingo, maio 8

Nem fim, nem começo.

O poeta é um fingidor. Diz o que qualquer filósofo pode dizer, faz o que qualquer ser humano pode fazer, pensa como qualquer um pode. Como qualquer um, um poeta é um operario da língua, da construção, da obra da ficção. Finge que é dor àquela que parece ser qualquer coisa que não a própria. Finge sorrisos e finge ser soberano. Faz com que tudo pareça bem e com que tudo pareça superado, mas no fundo, bem lá no fundo, sofre a dor que deveria não sentir.
Mentiras tornam-se verdades.
Como aquela caixa em que guardei um caderno. O mesmo caderno que joguei no mar, pela janela do ônibus. Caderno este que, não importasse o quando fosse escrito nele, jamais iria terminar suas páginas, pois o caderno estava dentro da minha mente. Simplesmente desejei que ele não existisse mais. Como um pedido feito ao gênio da lâmpada, folhas intermináveis de papeis imaginários foram jogados para fora, cuspido, por uma janela real e para um mar mais real ainda.
Aquela camisa que já queimei, já rasguei e já dei para outras pessoas desconhecidas até pra mim, continua intacta, esperando pela sua verdadeira dona. Esperando ser tirada sua etiqueta, seu alarme, sair do seu ninho. Voar direto para a sua caixa. Pois ela já está lá, esperando um laço, dois braços, três dias e meio. Ninguém há de entender.
Verdade tornam-se mentiras.
Com tantas e tantas mulheres já deitei. Tantas noites passei em claro, me arrependendo por tudo que fiz, renegando tudo que me fora dado. A pergunta "Porque, meu Deus?" que não sai mais da minha mente, não sai mais da minha boca, das minhas lágrimas. Não sai mais. Pois está presa, agora, na garganta. Não peço, não rezo e não confio. O tempo não serve pra curar feridas, mas sim para fazermos esquecer delas adiquirindo outras tantas novas. Tantas e tantas.
O ingresso do show que custou uma fortuna está desde ontem há mais de meses em minha posse. Possessivo e objetivo por um passado ilusório que tornou-se um presente real graças a séculos e graças a tantas e tantas 24 horas. Falo assim como meus idolos falam comigo. Coerencia é a falta de criatividade e o excesso de prudência. Pra que entender quando podemos, simplesmente, ver, sentir e imaginar? Imaginar é mais importante do que conhecer, do que entender. Língua para fora se eu estiver correto.
Olhe minha imagem refletida no espelho. Veja se sou mesmo um cara feliz. Preciso que minha alma ganhe um abraço apertado, para aliviar o sofrimento de um ano com 14 meses. Sete dias atrás, fizeram cinco dias que eu mudaria minha vida. e nesta matemática, nada melhor do que fazer a soma mais óbvia da face da terra.
Somamos eu e você. Pois não há remédio. Não existe remédio que eu possa tomar. A não ser aquele que vem de seus lábios, que vem de seu cheiro.
Que vem de sua estranha e louca sanidade.



Pense o que você quiser. (Y)

1 comentários:

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Vitor, estou aqui curtindo seu blog, seus textos bem urdidos. Continue, garoto!
Parabéns!


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