Não custa nada sonhar. Não paguei nem pelo meu cérebro, nem pela minha maneira de pensar e nem pela minha imaginação. Sou destes, sim. Que sorri para o espelho, que sonha acordado, que finge não ser só para poder ser o que se é. E quando perguntado quem sou eu, digo apenas que basta me dar as mãos e dançar comigo para descobrir, pequena. Podemos dançar ao som da tempestade, ao som das molas do colchão ou ao som do vento, este que adoro. Vento este que trás pra mim sua voz, longe milhares de milhas.
Como gostaria de ver você usando aquele batom vermelho que tanto gosto. Uma pena você dizer que não combina com seu rosto, com sua boca. Que não combina com seu cheiro ou com seu gosto. Vermelhas ficam suas bochechas, quando em uma simples conversa nós simplesmente extrapolamos, conseguindo enxergar além do horizonte. Porque não houve, nunca, sob nenhuma circunstância, horizonte para nós. Logo ali, além, encontraremos nossa recompensa, um pote de ouro, chocolate e umas cervejas. Beberemos e veremos o sol se pôr.
Como eu desejo pegar minha mochila, aquele ônibus que vai pra longe, pra perto de você, dormir, acordar, ver o sol se pôr e raiar, só para te buscar em casa. Você com aquela blusa larga, caindo ombro abaixo, calça jeans apertadinha e um all star. Eu com aquela minha bota velha, um bermudão e uma blusa social - rosa, porque eu sei que você sempre gosta. Com cortejo, te levarei para tirar a sorte em um realejo qualquer, andaremos pela noite iluminadas com as luzes de aço da sua cidade. Como é mesmo aquele barzinho que você vai me levar? Poderemos olhar nos olhos de almas feridas e ver reflexos de uma felicidade perdida em algum lugar dentro de cada corpo de cada planeta individual e particular.
Esta música dançaremos, desajeitados. E quando tocar, sinceramente, mostrarei o meu pé de valsa, como sempre faço em meus pensamentos quando lembro-me de você ao ouvir essa canção. "Swing, swing, swing the spinning step. You wear those shoes and i will wear that dress". Somos somente isto. Assim, pedaços de dois inteiros distintos que por conta de obra milagrosa do destino conseguem se encaixar, assim como a palma de sua mão encaixa em meu ombro, assim como nossos passos entram em compasso, mesmo que não seja o mesmo compasso da música. Quero ver o seu sorriso misterioso de perto. Desvendar os segredos e dizer que eu acertei em cada opinião que tive, no duro. Depois disso eu entregarei-me à noite, às bebidas, só desejando acordar em qualquer quarto no dia seguinte, vendo um breve sorriso naqueles lábios em que não haverá batom vermelho, porque não combina, mas que me conquistou mesmo assim.
Nada é em vão. Toda regra tem exceção. Se somos a falta de regra, a falta de fartura e a falta de opção, se não somos quem queríamos, se não temos nada que não seja o outro, que não seja este vazio, então vamos nos preencher. Vamos bater no portão do outro, na porta do coração. Não custa nada dançar. Em sonho, em pensamento, em imaginação. Mas só enquanto a realidade descansa, como nossos corpos descansam agora.
Dedicado à liberdade e ao perfume de Mônica Aguiar.
Pense o que você quiser. (Y)
domingo, agosto 28
terça-feira, agosto 23
Ponto de partida.
Eu pus, passo à passo, milhões de milhas sob meus calcanhares. Enfrentei chuvas e tempestades, mas também tive o prazer de ver inúmeras vezes o sol se pôr. Incontáveis foram as vezes em que me decompus, dilacerando-me com as chacoalhadas dadas por este liquidificador chamado vida. Recompondo-me, peça por peça, usando a pouca cola chamada esperança que tinha guardada, e que ainda não se acabou para que eu possa me colar, caso precise, até o fim da minha vida.
Um dicionário de questões, frases prontas, sem respostas, simultaneamente. Dentre essas afirmações, fica aquela que diz que o mundo sempre gira e volta para o mesmo lugar. Vão-se as estações, mas elas sempre retornam. Foi naquele rigoroso inverno, lembro muito bem, que decidi começar a caminhar. Pegar minha mochila e partir pr'além mar. Desbravar o desconhecido e chamá-lo de lar. Esquecer tudo o que deixei, tudo o que me deixou. Imaginar que o horizonte é uma cachoeira e que eu cairia num abismo sem fim quando o fim chegasse. Navegando às cegas, sem a Estrela que guiava os passos do meu coração.
Vaguei desordenadamente, infeliz, infelizmente. Conheci e experimentei todas as coisas mais banais que o mundo pode oferecer. Comi farelo com porcos, dormi de cabeça para baixo com morcegos. Fui chacoalhado, dilacerado, tentando esquecer a dor que é não enxergar. Se for pra ficar cego, prefiro que seja pela luz do que pela escuridão. Contudo, nem sempre o que queremos é o que conseguimos. No escuro fiquei, sem ao menos uma estrela para me guiar.
Na escuridão eu meditei. Preso nessa solitária cela de um corpo fechado, sem janela e nem porta neste quarto, pude perceber e compreender que cada passo que eu dei não foi em vão, mas não me levou à lugar nenhum. Salvo e são, quando um fio de luz surgiu dentro de mim e eu encontrei minha prórpia cola, para me recompor mais uma vez. Primavera, verão, outono e inverno novamente. Descobri que dentro de mim posso fazer sempre verão em todas as estações, posso caminhar com destino, para o ponto de partida, naquele inverno que me lembro bem. O ponto em que parei minha vida, achando que estaria começando-a.
O ponto onde eu perdi os meus passos foi justamente o mesmo em que eu reencontrei-os.
Pense o que você quiser. (Y)
Um dicionário de questões, frases prontas, sem respostas, simultaneamente. Dentre essas afirmações, fica aquela que diz que o mundo sempre gira e volta para o mesmo lugar. Vão-se as estações, mas elas sempre retornam. Foi naquele rigoroso inverno, lembro muito bem, que decidi começar a caminhar. Pegar minha mochila e partir pr'além mar. Desbravar o desconhecido e chamá-lo de lar. Esquecer tudo o que deixei, tudo o que me deixou. Imaginar que o horizonte é uma cachoeira e que eu cairia num abismo sem fim quando o fim chegasse. Navegando às cegas, sem a Estrela que guiava os passos do meu coração.
Vaguei desordenadamente, infeliz, infelizmente. Conheci e experimentei todas as coisas mais banais que o mundo pode oferecer. Comi farelo com porcos, dormi de cabeça para baixo com morcegos. Fui chacoalhado, dilacerado, tentando esquecer a dor que é não enxergar. Se for pra ficar cego, prefiro que seja pela luz do que pela escuridão. Contudo, nem sempre o que queremos é o que conseguimos. No escuro fiquei, sem ao menos uma estrela para me guiar.
Na escuridão eu meditei. Preso nessa solitária cela de um corpo fechado, sem janela e nem porta neste quarto, pude perceber e compreender que cada passo que eu dei não foi em vão, mas não me levou à lugar nenhum. Salvo e são, quando um fio de luz surgiu dentro de mim e eu encontrei minha prórpia cola, para me recompor mais uma vez. Primavera, verão, outono e inverno novamente. Descobri que dentro de mim posso fazer sempre verão em todas as estações, posso caminhar com destino, para o ponto de partida, naquele inverno que me lembro bem. O ponto em que parei minha vida, achando que estaria começando-a.
O ponto onde eu perdi os meus passos foi justamente o mesmo em que eu reencontrei-os.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: "Nova-mente", Olhos abertos
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quinta-feira, agosto 4
Esses 2.
Por Giselli Duarte. |
Dois lábios que se tocam dizem, em forma de beijo, mais do que qualquer sábio diz saber. Duas línguas, quando se entrelaçam, formam mais figuras e fazem mais mímicas do que um palhaço. Pois então que sejam pintados esses dois narizes para que brincar de ser feliz possa ser uma obrigação. Porque quando duas bocas juntas puxam o ar e inflam os pulmões, a canção que pode ser ouvida é emocionante e bela. Onde quer que estejam esses dois pares de ouvidos, estas vozes serão ouvidas.
No fim do dia, deitado na cama, sozinho, pronto pra dormir, um destes dos dois corpos pega seu par de mãos e acaricia os cabelos, imaginando que são as mãos do outro. Nessa de imaginar, o outro corpo sai vagando pelos bares, pensando naquela canção que separados cantavam um para o outro e quando seria o instante em que aquela voz que a janela aberta permite o vento trazer falaria segredos no par de ouvidos que são surdos e não sentem nenhuma boca que não seja a do outro.
Há dois telefones. Dois pares de pernas que se balançam ansiosamente, esperando o aparelho tocar e em seu visor aparecer o nome que a memória não quer lembrar, mas que a vontade de ler é insuperável. Há dois computadores. Vendo as fotos e lembrando do que se deveria deixar guardado, mas que a saudade é invencível.
Duas mentes brilhantes e envergonhadas que tentam usar deste artifício para enganar a todos de que não há saudade, não existe desespero e nem vontade para um novo choque de coração e alma. Que sabe, lá nas entranhas do interior, do verdadeiro significado e do que estes corações acostumados com a dor do vazio precisam para serem preenchidos novamente. Está tudo bem, por fora. Os lábios que procuram outros lábios encontram a garrafa da oitava cerveja. Os olhos que procuram os outros pares encontram um céu nublado. Sorrisos são cobrados, mas sorrisos que não vêm da alma não têm o mesmo brilho.
E esse abismo, esse vácuo, essa ausência chamada saudade faz com que esses dois corpos, duas mentes, dois pares de olhos, ouvidos, pernas e mãos, perguntem-se porque o outro alguém foi parar tão longe e porque estes dois corações não se chocam com mais força desta vez, para tornarem-se livres para se unirem e pulsar o amor, todo amor, de maneira uniforme. Dois corações duros como rochas, esperando que todo o resto destes dois conjuntos complete o simples quebra-cabeça de duas peças: Você e eu.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: G.B.
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