Quando mais queremos nos recordar daqueles antigos e longínquos pensamentos, estes se desvanecem de nossas mentes, trovejantes. Querer lembrar não é somente necessidade, mas sim perspicácia, orgulho e até certa destreza. É o autocontrole, o triunfo sobre estes vastos labirintos interiores. Como bem se sabe, sábias são as línguas do entendimento. O tênue limite do saber e do gostar. Gostar de formas, de cores e imprimi-los num pedaço de papel, digitalizado. Fugaz são estes pensamentos meus. Travessuras correspondentes à intelectualidade de sua mente que teme em ultrapassar o que é o inimaginável.
O que há de querer nosso próprio querer, até então, não consigo ser capaz de replicar. A vontade ímpar de conseguir progredir na vida sem denegrir o que não está mais fazendo parte de nosso mundo físico faz de nós seres humanos. O fato é que não há como não se fazer de desentendido diante das tamanhas atrocidades de um revelador e distante passado. Apagam-se da memória como se num estalar de dedos extinguissem uma chama. Voltam à tona como se o mesmo estalar de dedos fizesse o tempo voltar e a vela – no plural, mesmo que no singular aqui – reunisse sua cera e reconstruísse seu pavio.
Eis aqui mais um grande herro da umanidade. Colocar letras – ou ‘quês’ – onde jamais deveriam tanger, como fazem com seus banjos, violas e gaitas. A melodia otimista e contente, cantada com versos simples, voa como uma pomba para o destino dessa carta, voltando, tempos depois, trazendo suas respostas e mudando o itinerário para levar a outros pontos mais e mais questões. Nunca se sentem fartos de tantas questões e tantas novas respostas. Quando encontradas, essas respostas servem somente para o júbilo, para nada mais do que essa pequena e faminta grandiosidade.
Quando, logo, parece demasiadamente conflituoso tudo aquilo aqui escrito, evapora-se, novamente, mais um grande e largo pensamento. Uma grande conclusão para todas as respostas de todas as perguntas, talvez. Pois talvez o talvez nem exista. Seja, somente, uma barata intriga de mente ou pança, fome ou fome de saber, de compreender, de resgatar. O que fora dado e perdido. O que fora roubado. O que jamais fora meu ou seu ou nosso ou vosso. O que sobra é somente isso. Palavras soltas, encorpadas, efetivas. Lindas, mas soltas, sem expressão ou um sorriso sequer. Sem ternura ou adoração. Somente palavras, estas que nunca antes quis mostrar que sabia. Que jamais quis mostrar que sabia empregá-las.
Pois não importa. Por mais que mostre mais palavras vis, sutis, estas sempre serão nada mais do que meras significância de toda a minha ilustre avareza irreal. Aqui as compartilho, por falta de palavras melhores. Por falta de pensamentos melhores.
Dar-te-ei, quem sabe um dia, mais do que estas tolas sentenças. Contudo, primeiro, preciso encerrar este conflito interior, encontrar a saída deste labirinto. Encontrar, também, um sentido e uma forma adequada para escrever aquilo que vejo, que sinto e imagino, fora dessa cerâmica vazia que se chama solidão.
Pense o que você quiser. (Y)