Eu não vivo nesta realidade. Meu mundo é outro, longe, livre. O destino, curioso e fugaz, fez de mim seu instrumento de teste, logo. Enviou-me para o chamado ômega. O fim, o início e o que está entre os dois polos. Eu, que não vivo nem morro nesta realidade, pois meu mundo é outro.
Conecto-me hoje, pois o tempo foi generoso. Agora eu sou livre em minha máquina de escrever virtual, podendo ser quem eu quiser, como quiser. E não me importo se agora meus olhos lacrimejam de sono. Escrever é minha droga, meu sustento, minha vida. Faça chuva ou sol lá fora, aqui dentro eu me sinto bem, seguro. Neste mundo o clima é sempre agradável, os dias são sempre mais longos e ensolarados. E mesmo quando eu quero que chova, as gotas são grossas e macias. A cama - o sofá - daqui é mais aconchegante e do exato tamanho do meu corpo imenso. Sou Aquiles, Giordano Bruno. Também posso ser Thomas, Jon Snow, Riobaldo, Chicó, Wood, Gandalf, Estácio ou até mesmo Verde. Posso ser a árvore que fica estática, perplexa, ao ver o sol surgir por entre as nuvens, após a chuva morna. Posso ser o mudo pensante, em preto e branco. Brando, posso ser uma página, uma palavra sequer.
Sou vertentes, arestas. Sou um conjunto complexo, côncavo, convexo. Metade hipérbole, outra hipotenusa. Sou catetos pitagóricos, gêmeos, unilaterais. Pluricelular, sou um sistema calmo, tranquilo e sereno. Estou sob efeito de droga, da minha predileta. "a", "b", "c", "d" e todo o resto, ordenados por significados oriundos do latim, em grande maioria. Desde um pequeno "sim", até ao "paralelepípedo" perpendicular ao solo. O sentido sou eu quem faço. Disfarço em ser a mão que cumpre ordens e promessas. A mão que desliza no sentido oposto, inverso, no avesso da roupa. E consigo fingir ser utopia o que é realidade romântica. Mesmo no mundo real, eu posso fechar os olhos e imaginar o meu mundo de palavras-cruzadas e paralelas.
Um paralelogramo, um grama. Um estudo, estado, assistido e assinado. Um deserto contendo um cubo, um cavalo, uma escada e uma tempestade. Água. Este é o meu oásis. Eu não o criei, mas ajudei-o a ser modificado, como um átomo, um microchip. Não gosto de dizer que em meu mundo eu posso ser uma espécie de Deus, apesar de também poder ser herege. Prefiro dizer que Deus é meu pai - e é mentira? Sou metamorfose, transfiguração. Espaço, tempo, letra, número, grau, gênero, espécie. Estereótipo, longínquo e duradouro ou não. Posso ser simples, simplesmente insignificante, quando pretendo observar.
Pode ter certeza que eu sou você. Exatamente como você é no seu próprio universo, no seu próprio oásis.
Sessão encerrada. Sua conta está sendo desativada. Bem vindo ao mundo real e...
... Pense o que você quiser. (Y)
sexta-feira, junho 15
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