quarta-feira, abril 27

Inertos passos certos.

Nem o mais otimista, nem o mais verdadeiro, seria capaz de acreditar que, mais uma vez, o mundo giraria mais depressa que meus passos e me faria trocar de direção. Talvez os mais loucos, como eu, suspeitassem desde o início. Sou inconstante, mesmo quando não quero ser. As coisas acontecem rapidamente. Tanto boas quanto ruins. E a vida dispara como o gatilho de um revolver, lançando seu projétil contra o ar, contra o futuro. Eu não posso mudar, por mais que mude em todo o instante. Sempre serei eu mesmo, até quando não puder ser sempre igual.
Abraços abertos, esperando meu retorno. Beijos e festa. E, mal chego e repouso minhas costas na cadeira velha, mal ponho meus pés cansados sobre a mesa de centro e começo a prosear com todos aqueles que me amam, o destino me convoca para mais uma jornada. Como se o meu universo fosse somente a estrada, os pontos de carona, a mochila nas costas e a bússola que não indica para onde devo ir. Um esmo objetivo, pois certas pessoas nascem para ser livres, para conhecer mais e mais lugares, mais e mais pessoas. O lar do passarinho é o ar, não o ninho. E eu voei.
Houveram aqueles que tiveram coragem de dizer que o meu retorno pra casa fora um passo regressivo. Que voltar para o lar e ser feliz era apenas mais uma forma de assumir o medo de efetuar o melhor e mais perfeito ofício que me fora dado. Mas do que adianta ter regalias e não ser feliz? De que adianta seguir firme em um objetivo que não vai te trazer nenhum tipo de alegria? Não. Eu não posso mudar. Eu posso ser a mudança, mas não posso mudar. Tenho meu próprio molde. Sou assim.
Já me acostumei com a saudade e com o vazio no peito que fica sempre que deixo alguém. Fazem parte do meu fardo, da minha bagagem. Contudo, se abro mais uma vez esta porta e saio, é porque minha necessidade de ganhar o mundo é notável, porque o caminho ainda é desconhecido. Assim eu cresco. Agarrando todas as oportunidades que me dão, fazendo de cada uma a grande jornada. Agora, desta vez, eu posso escolher algumas pessoas para me acompanhar. Poder ensinar, poder aprender e poder ajudar. Pois é preciso dar um passo atrás para poder efetuar um grande salto, sempre. Se voltei, é porque o maior dos loucos acreditou que seria necessário para conseguir a tão sonhada e saborosa queda-livre.
Não posso mudar. Posso ser a mudança. Se andar para trás é exatamente aquilo que parece ser, eu posso fingir que o mundo gira ao contrário e, então, andar para frente. Somos nós quem fazemos nossos caminhos. A vida só nos mostra as estradas.




Pense o que você quiser. (Y)

1 comentários:

Anônimo disse...

Incrível. Toda a vez que passamos aqui sempre encontramos algo muito bom. Realmente, algumas pessoas nasceram para ser livres, outras para fazer parte do stress do dia-a-dia, e outras ainda para viverem a vida pensando... Mas o que é o certo, o 'normal'? Não se sabe, cada um tem suas próprias necessidades. Parabéns pelo texto.

Desejamos um ótimo fim de semana.
Abraços,

enchantedlifeway.


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