sexta-feira, outubro 21

Violeta.

Escrever, escrever, escrever e escrever. Nunca mais tive em mãos aquele papel amarelado, tinta fresca e idéias renovadas. Nunca mais pus a mão naquele livro imaginário em que tudo sobre minha vida eu escrevi, escrevi, escrevi e escrevi. O violão envergou, perdeu o som. Arrebentaram-se as cordas como o despertar de um sono daquele sofá. Sonho bom, este. Porque escrever é uma desculpa esfarrapada para dizer que é mentira tudo aquilo que não é e desmentir tudo aquilo que pode ser. Não pode ser. Não. Pode-se ver, sentir e imaginar.  
A sina daquele andarilho que consegue compreender, mas não consegue explicar, o persegue em estradas, trilhas, linhas e entrelinhas. Cada frase é uma nova estrada e cada parágrafo é uma bifurcação. A maravilha de escrever, escrever, escrever e escrever é justamente a opção de ser o que quiser, dizer o que quiser e fazer o que quiser sem deixar de ser, dizer e fazer nada sem sinceridade. A busca, esta eterna busca pelo entendimento, passa a ser somente uma ponte para todo o El Dorado do saber. Se não sabemos respostas, criamos nós mesmos. Escrevendo, escrevendo, escrevendo e escrevendo.
Que assim seja. Meus dedos, já roxos e amassados, suportam até sangrar para conseguir a grande conclusão. Que ser seria essa? Pra que entender a sã loucura de um louco são e salvo pelo instinto intelectual criado pelo Criador? Feito de sua imagem e semelhança. Confuso, irregular, imperfeito e frágil? Ou será que somente nós, pobres seres humanos, estamos deixando de crer na energia que move montanhas dentro de cada um?
Testa suada, olhos fechados. Escrevo certo por linhas tortas. A definição de certo sempre será daquele que escreve. Não que eu queira ou ache que eu seja mais do que eu sou, mais do que carne e osso. Não sou pai, nem santo espírito. Sou filho, imagem e semelhança. Sou farto, forte, viril. Caridoso, cuidadoso, atencioso e gentil. Sou gente, cidadão, ser humano. Sou todo este paraíso que se encontra em mim, “nova-mente”.
Sou aquilo que escrevo, escrevo, escrevo e escrevo. E mais. Em minhas mãos, nada mais e nada menos, há uma espada que desafia o desconhecido e o inimaginável. Folha amarelada em branco, sedenta por tinta fresca e idéias renovadas. Sedenta e faminta por mãos canibais, para que possa rasgá-la e reciclá-la, para que se possa fazer mais um ciclo insano literário. Para que se possa mais e mais escrever, escrever, escrever e escrever.
Pois escrever é, simplesmente, dizer. Não é, nunca, falar.


Pense o que você quiser. (Y)

0 comentários:


Blogger Layouts by Isnaini Dot Com. Powered by Blogger and Supported by ArchiThings.Com - House for sale