terça-feira, setembro 28

Dúvidas, milagres e espera.

Talvez eu veja fantasmas onde não existem. Talvez sonhos sejam apenas coisas que brotam em nossa imaginação como as flores desabrocham dos botões. Talvez eu já sentisse dúvidas antes mesmo de saber as questões oferecidas pela doce fábrica que se chama vida.
Nada mais importa neste momento. Nada mais. Nunca mais eu quero dizer, sistematicamente, repetidas palavras que só me causam aflição e medo. Sinto-me imponente, confiante e sereno. Entretanto, ao abrir a porta dos meus domínios, uma torrente de água cai sobre minha cabeça. Um verdadeiro mar de possibilidades e ramificações de conclusões para a vida. Nada mais faz sentido.
É como se o tempo congelasse e eu permanecesse lúcido, para analisar com maior clareza tudo o que está ao meu redor. Pessoas, pássaros, objetos, sentimentos, expressões. Tudo. Tudo o que eu posso ver, sentir e pensar está logo ali, ao meu alcance.
Não existe alcance que ultrapasse as linhas da imaginação. A distância é infinita, ininterrupta, estável e fixa. O que os olhos enxergam são pouco ou quase nada, comparado aos olhos da mente. Nada mais importa agora.
O que acontece, afinal, é que eu quero alguém sentado ao meu lado nesse chão frio, para compartilhar veredas singulares. Espero por um milagre. Este, enquanto não acontece, faz-me dizer loucuras, respirar ofegante e correr em meio ao manto da escuridão. A vida é uma linha tênue. Se em um momento estamos em profundo êxtase, no outro estamos em tormentas poderosíssimas. O que eu faço é me apegar à fé e nunca deixar de acreditar, pois milagres existem e sempre acontecem. Quase sempre eles acontecem.




Pense o que você quiser. (Y).

domingo, setembro 26

Limites do acreditar.

Passei bastante tempo apenas pensando em todos os acontecimentos recentes em minha vida. A vontade de trasncrever tudo, durante algum tempo, se escondeu em minh'alma e sentiu medo de se expor de forma negativa. Contudo, assim como os dias e as noites, certos hábitos e atitude que já faz parte de nosso caráter pode partir, mas sempre volta trazendo coisas novas. Um novo sol acaba de surgir dentro de mim.
Confiança é algo que não tem feito parte da minha vida ultimamente. A ânsia de descobrir o porquê das coisas e me fazer chegar logo em um ponto final me fez desacreditar e desconfiar de pessoas que não mereciam. E não foi somente isso que fiz. Também magoei, feri e confundi. Acabei mostrando para todos um lado insano de mim. Aquele lado que lutei todos os dias para que não fosse liberto, que permanecesse adormecido durante toda a vida. Quando esse "monstro" acordou, devastou os sonhos e os sentimentos de muitos, mas nada que ele tenha feito possa superar o que fez comigo, o que eu fiz comigo mesmo.
Eu não consigo explicar com palavras tudo o que posso sentir neste momento. Apesar de sofrer em demasia por olhar um monstro diante no espelho quando deveria me ver, acredito veementemente de que isso foi necessário. Fez-me descobrir quem eu posso ser se não controlar os meus sentimentos, o que eu posso fazer se não conseguir manter a calma, a vontade de obter as respostas.
Respostas estas que obtive. Agora eu consigo ver com clareza tudo. Consigo saber o porque de tudo e vejo o quanto e como as coisas fazem sentido. Um momento de lucidez foi precedido pelo meu momento de maior loucura. Insanidade que me afastou daquela que mais tive apreço. Não consigo explicar como e nem quando eu consegui, exatamente, entender tudo o que aconteceu desde o início, mas agora eu estou no ápice do saber.
É muito difícil assumir um erro. Mais difícil ainda é se arrepender do erro que cometeu. Tentar encontrar respostas, motivos e explicações para justificar atitutes que não fizeram bem nenhum para ninguém. Pois bem. Assumo que me arrependo de cada um de meus atos recentes. Não tive motivo nenhum, mas mesmo assim fiz. Confabulei coisas por estar numa busca por respostas que agora vejo de que nada adianta. Troquei uma pessoa pela qual eu não canso de dizer que amo por respostas bobas e idiotas que não trarão de volta tudo aquilo que eu quis e já tive um dia.
"Mereço o castigo. Mereço ser excluido e esquecido. Não acreditei quando deveria e, agora que acredito, é tarde demais. O que devo fazer é tentar seguir a minha vida em paz e deixar que vivam as suas vidas na mesma paz."
Minha esperança havia esaparecido por completo quando disse isso para um velho sábio. Após contar todos os fatos e dobrar o meu orgulho ao assumir que estava arrependido, ele me fez crer que, mesmo quando tudo está perdido, desistir é a pior forma de conseguir o perdão. Disse que todos erram, mas quando se ama, se há somente vítimas. Que cada um sofre pelos seus próprios atos, não pelas consequências que eles trazem. Consequências são o que os outros pensam ou agem em relação ao que você fez. Consequências não consertam erros, atos inversos sim. Disse que pedir perdão é um alento para o sofrimento, por mais que o perdão não venha.
Agora a moeda mudou de face. Tenho um pouco de sorte de saber tudo o que sinto agora já foi sentido por outra pessoa num passado próximo e tudo o que ela deve sentir agora eu já senti. Sinto que é praticamente impossível reverter a situação, assim como já pensei. Mas, já que o sábio me devolveu um pouco da esperança que eu havia perdido, sei que enquanto ainda houver uma semente minúscula de sentimento dentro daquele coração, tudo o que eu preciso fazer é regar novamente para que possa nascer uma flor.
No fim, eu percebi que respostas nunca importa. O que agente sente é o que sempre valerá mais. Eu fiz a escolha tola de trocar meus sentimentos por respostas. Agora sofro. Mas se tudo o que eu gostava fiz questão de jogar fora na minha caminhada rumo aos desfechos, tentarei mais uma vez voltar ao início e fazer diferente. Tudo o que eu preciso é de uma chance. Na verdade, 0,02% de chance já basta. Se meus olhos lacrimejam agora, não é porque me sinto perdido, mas sim confiante. O mal que causei, as desconfianças que tive foram pelo simples motivo de não acreditar em mim mesmo e na minha capacidade antes. Agora eu acredito e sinto que voltei a ser que eu sempre fui, mas que perdi no meio da estrada.



Bon voyage.
Pense o que você quiser. (Y)

sexta-feira, setembro 24

Fim, começo e recomeço.

Passo por uma fase de adaptação. Não consigo compreender o porquê das mudanças, mas creio que elas sejam mesmo necessárias. É chegada a hora de aprender a lidar com o novo, com o desconhecido, com tudo aquilo que antes era apenas imaginação e ilusão de uma mente fértil.
Segui ao pé da letra a expressão que eu mesmo disse tempos atrás. A de que "cada passo adiante que damos, deixamos coisas valiosas pelo caminho". Um mal impressindível para quem precisa se evoluir, se conhecer. O mal que faz constatar que a vida é um conjunto feito por vários ciclos, onde sempre há o início, o meio, o fim e o recomeço. Porquê é quando buscamos as respostas das perguntas antigas é que descobrimos mais enigmas para desvendar. Quando saciamos nossa sede do saber é quando a excitação de conhecer mais do desconhecido nos cerca. É quando a vingança pulsa forte, a satisfação grita e o futuro vira presente.
Hoje, pude presenciar o fim de mais um ciclo. Conquistei respostas que há muito desejei, responder à perguntas que nunca foram feitas até então e entender o porquê que "os fins sempre justificam os meios". Lamento os erros que cometi, mas não me arrependo deles. Fico feliz por ter feito sempre as coisas que eu achei que era correto, ao invés de agir única e exclusivamente como o meu coração e minha mente pensava.
É preciso prudencia pra ser louco. Não podemos agir insanamente. Porque tudo o que fazemos hoje, no recomeço, pode fazer toda a diferença e interferir no êxito. Entretanto, me conforta saber que enquanto a morte não chega, os ciclos vão se iniciar, desenrolar e se encerrar, trazendo sempre as respostas e os objetivos.
Posso dizer que, diante de um novo começo, pude perceber que cumpri com muitos objetivos que tracei. Alguns não como exatamente planejava, outros de forma melhor daquela que eu imaginei. Deixei de concluir muitas coisas, mas nada que me faça falta agora. Pois o que passou passou e que venham os novos desafios.




Pense o que você quiser. (Y)

segunda-feira, setembro 20

Variáveis e constantes.

Repentinamente, tudo torna-se escuridão. Meus olhos vendados pelas trevas numa trilha de destino fazem-me tatear o corrimão cortante daquela escada em que para cada degrau que subo, mais longe fica o topo. A luz da lanterna que me guiava agora se apagou. Resta agora somente eu e meus sonhos decadentes. Tentativas frustradas de construir um futuro, participar do futuro de alguém e cumprir algumas promessas.
Promessas não são somente aquelas em que vêm antecedidas pelo "eu prometo" ou "eu juro". Fazemos promessas diárias com todos quando, simplesmente, damos nossa palavra e exigimos confiança. Quem não tem consciência disso, acaba tropeçando na própria capa de soberba e deixando um punhado de coisas para trás por não assumir responsabilidades. Ser responsável por alguém é prometer cuidados. Cuidar é prometer carinho. Assim por diante.
Houve o tempo em que eu desisti de fazer promessas. Cheguei a acreditar, inclusive, que elas são desnecessárias em nossas vidas e que sem elas viveríamos melhor. Doce engano. Sorte minha que ainda sou uma variável. O orgulho faz das pessoas uma constante. Eu já fui uma constante inflexível, como muitas pessoas que me rodeam atualmente. Como essas pessoas que sobem pela mesma escada que eu e que, a cada passo, deixa pelo chão desejos, vontades, tudo. Mesmo sangrando, não são capazes de tentar salvar aquelas coisas que realmente importam.
Penso nas pessoas que são regidas pelo orgulho severo e imponente. Pobres seres que sempre ao dormir pensam em tudo aquilo que gostaria de ter ou de recuperar, mas ainda sim não se esforçam. Preferem esperar que o prêmio venha fácil e acredita que aguentar a espera faça um sofrimento melhor do que buscar as respostas e encontrar a frustração e a derrota.
Sou um derrotado, confesso. Opto sempre por sacrificar o meu esgotado orgulho e lutar um pouco mais para segurar em minhas mãos tudo aquilo que desejo. Ora ou outra eu deixo cair algo e, quando tento recuperar, acabo deixando cair mais e mais coisas importantes. Mas porque não descer alguns degraus e tatear também o chão para, quem sabe, reencontrar minhas coisas queridas?
Prometi ser mais sensato, menos eloquente. Prometi sempre ser sincero e nunca omitir nada. Prometi amar para sempre. Prometi fazer sempre o possível para ajudar as pessoas. Prometi ser menos frio e rígido. Nenhuma dessas promessas eu disse que prometeria, no entanto. Algumas eu cumpro, outras já deixei há tempos. Por mais que não quisesse, sempre prometi algo para alguém ou para mim mesmo. Uns podem chamar de metas, outros de objetivos. No final, contudo, tudo será fruto de um mesmo denominador. Variáveis de uma mesma constante, numa tentativa frustrada de ludibriar a verdade.
Os dotados de orgulho não admitem, mas podem ser as menores e mais fracas pessoas que conheço. Promessas foram feitas para serem cumpridas e para não serem cumpridas também, pois quando deixamos de conseguir algo, tornamos-nos mais fortes e melhores. O orgulho mais nobre é ter a humildade de admitir que não foi capaz de ser quem "prometeu" ser, ou de voltar atrás de uma decisão. Nada volta a ser como antes, mas quando nos redimimos, nos comprometemos a não pecar nos mesmos pontos.
Se desculpar, se redimir ou retroceder é um passo importante na subida dessa escada sinuosa, mesmo que esse passo seja para o degrau abaixo.




Pense o que você quiser. (Y)

quinta-feira, setembro 16

Mais um mês.

O tempo é complicado de entender. A relatividade foi descrita com ele, mas nem o cientista tem a exata noção do quanto ele pode ser perturbador na vida de um poeta. Se imaginação vale mais do que conhecimento, quem escreve deixa de lado ambos e passa a valer somente aquilo que está dentro do peito. Os segundos são os batimentos cardíacos, os ponteiros são as artérias e veias. O despertador é a dose de adrenalina injetada e toda a perturbação que contagia o corpo a cada passo e olhar daquela que sentimos saudades de ver. E a saudade é, ao mesmo tempo, a pilha que move tudo e a ausência dela que faz o relógio "morrer". E em meio a tantas certezas e incertezas, os paradoxos são infinitos, mas que, como tudo, sempre tem um final.
Ao mesmo tempo que durou uma eternidade, esses últimos trinta dias passaram como um carro da Nascar. Enquanto muito aprendi nesse último período, de nada ainda continuo a saber. Assim como caminhei com passos largos, não saí do lugar. Lembrando sempre tudo aquilo que fiz questão de esquecer à cinco minutos atrás e que esquecerei nos próximos cinco, pra lembrar daqui a dez e seguir a minha vida.
Não sei como se faz pra apagar aquilo que está tatuado na pele. Não sei como se consegue mentir para nosso interior e nos convencer de que "o que passou, passou". De que adianta encerrar ciclos se eles ainda estão presos dentro de nós com amarras grossas e cadiados gigantes? Há coisas que, por mais que tentamos com todas as nossas forças, não conseguimos apagar.
Em meio de acertos e tantos "erros", muitos dos quais anseio descobrir, busco, ao menos, uma plenitude temporária. Busco conhecer o meu interior e tentar desvendar em mim um lado pecador e, também, misericordioso. Se sofremos por acreditar que não há perdão para certos atos e atitudes, porque não nos perdoamos primeiro? Ou porque não buscamos o perdão?
Talvez haja ainda muito para a evolução da humanidade. Aprender que o orgulho nem sempre é necessário e que quando abrimos mão de algo, não só deixamos de ver o fim, mas também de fazer parte dele. Perder é e sempre será melhor do que desistir. O essencial é e sempre será invisível aos olhos. Palavras jamais valerão mais do que sentimentos.
Logo, se um dia eu puder ver mais uma vez aquele par de olhos, mesmo tristes, mesmo cansados, eu descobrirei o que há diverdade dentro da janela de sua alma.





Pense o que você quiser. (Y)

sexta-feira, setembro 10

Além das sete cores.

A subida não parece tão íngreme de dentro do carro. Serpenteando rapida e intensamente entre floresta e casas bonitas, alço o vôo em direção ao topo, ao pico do céu. Busco aquele ar que não consigo inspirar ao nível do mar, cercado de prédios e poluição. Não há nada acima, além do céu. Abaixo do morro, os prédios parecem como os daquele brinquedo que costumava montar casas em minha infância. Entrando na pequena xácara, meu copo é a última esperança de paz. Os amigos foram os que Deus me consedera alí, na hora. Aceitaram de braços abertos um desconhecido, portando apenas seu violão e sua inviolável sabedoria e tristeza.
A magnífica vista é algo indiscutívelmente indescritível. Quando perguntado se preferiria uma paisagem de sol, arco-íris e mar, eu respondi que não trocaria paisagem nenhuma por aquelas que minhas retinas captavam naquele momento.  Uma paisagem praiana é repetitiva. Logo, nos faz pensar sempre naquelas coisas que não queremos. Observe, agora, toda essa infinidade de informações! Prédios de todas as formas e tamanhos diferentes, com cores diferentes. Olhe ao fundo a baía, com uma ponte sepadando-me de onde estou e de onde eu moro. Árvores e catedráis. Carros e aviões. A diversidade é tamanha que não me deixa pensar em nada. Apenas observar e conseguir destinguir o maior número de formas possíveis. Não me deixa pensar no quanto o prefíxo ex- ainda me dói quando falo, mas infelizmente, tenho que dizê-lo. Não me deixa pegar o baseado que está aceso, pois minha vez é e será sempre a próxima. Não me deixa ver o quanto de solidão e cáus há dentro de minh'alma e coração. Tudo. Nada me consome enquanto meus olhos ainda estiverem abertos observando tudo aquilo.
Pouco a pouco, um a um, meus novos amigos se retiram da varanda. Restou apenas eu e todo o meu universo, que aprendi a gostar mais do que aquele velho arco-íris que eu já quis dar de presente para alguém ex-pecial. =(




Rápido, porém intenso.
Pense o que você quiser. (Y)

terça-feira, setembro 7

Partir e repartir.

Sou imaturo para tratar-me como adulto e, ao mesmo tempo, antiquário o suficiente para não me sentir jovem. Sou o que divide os loucos dos sãos. A fronteira entre o heroísmo e a covardia, entre a coragem e o medo, entre o existir e não existir. O copo vazio, o cofre quebrado, a carta aberta e lida. Não sou Raul, mas sou meu próprio fim, início e meio. Sou meu próprio meio de locomoção, minha visão e audição. Sou punk, erudito e popular. Uso ouro, prata e brincos baratos. Escrevo visões, sentimentos e imaginação.
Até hoje ainda não descobri se alguém é capaz de me entender. Sou tão claro como a luz do sol, tão misterioso quanto a lua e tão complexo quanto o big bang. Minha flexibilidade é a de ser inflexível quanto aos meus próprios costumes. Minha mudança é nunca deixar de ser quem eu sempre fui, mesmo tendo dentro de mim milhares "eus" diferentes. Seja lírico ou psdeudônimos, sempre haverá uma caracteristica única.
Minha face é e sempre será meu legado. A cabeça erguida será a minha lei. Necessito renovar meus velhos costumes e novamente voltar a acreditar no que o Mago disse. Há de ser tudo da lei quando fazemos o que queremos, desde que façamos possuídos do amor mais puro, rico e verdadeiro por qualquer se sejam nossos ideais e objetivos. É quando agimos seguros e gostamos de nossas atitudes que tudo tomará sentido.
Não adoto banalidade em minhas palavras e costumes. Não minto naquilo que escrevo, como um genuíno poeta, pois estes instantes em que me deparo com papel e caneta é quando entro em contato com minh'alma e todos os seus anseios. Encaro vitórias como reconhecimento de meus talentos e esforços. Derrotas, confesso que nem sempre trato como aprendizado, mas acabo aprendendo mais a viver e conviver com outras pessoas a cada tombo que tomo. Assim como uma criança que chora ao cair da bicicleta, mas que se levanta e não deixa de tentar novamente, eu aprimoro os meus conhecimentos.
Se digo que gosto, é porque gosto de verdade. Se digo que tenho fé, é porque ela mora dentro de mim. Quando digo que não me importo, é porque de fato não há significado. Não gasto desnecessáriamente os meus "eu te amo" e os verdadeiros amigos em que posso contar, mesmo sabendo que sempre serei sozinho no mundo, são diversos. Não me apego ao impossível ou improvável, assim como desconfio do fácil. Acredito que, para algo valer a pena realmente, a balança deve sempre estar equilibrada com os prós e os contras.
Sou permanentemente mutável. Contemporâneo, Barroco e Romântico. Sou minhas próprias armas, minhas próprias pernas e asas. As grades da minha gaiola se chama atmosfera e a partida é a minha maior necessidade. O que há além do horizonte eu posso não saber. O que se esconde ao fim da ponte, quais os valores de alguém. Para cada vez que coloco-me na estrada, deixo um pouco de mim em cada lugar em que passei. Quando parto é quando me reparto em migalhas guardadas como o mais precioso diamante. Todos se lembrarão de mim e eu me lembrarei de todos aqueles que me cativaram.
Bon Voyage.




Pense o que você quiser. (Y)

domingo, setembro 5

Túnel do tempo.

Fora um sonho tão belo! Completamente diferente dos pesadelos aterrorizantes que me atormentaram nas noites anteriores. Pareceu-me tão real o sol quente em pleno inverno, o céu limpo, infinitamente azul e enrubrescido em suas bordas por um poente do tamanho da palma de minhas mãos. Meus olhos estavam realmente abertos e o sonho não fora deitado em minha cama, como de costume.
Meu corpo, necessitado de movimento constante, tomou domínio e posse de suas próprias pernas e partiu caminhando em direção ao nada. Saiu em busca, novamente, do seu universo infinito que procura dentro de suas próprias frases soltas em um caderno onde só escreve-se vestígios românticos do que já fora um coração. Algo que é tão visível como o vento, mas tão perceptível quanto.
A ferida funda deixa a cicatriz. A verdade não dita corrói a alma. Viver sem desfrutar da vida é o mesmo que passar despercebido pela Terra. Ver aquilo que se tem apreço afastar-se de nós como uma frecha atirada do arco negro de Thomas é como ser atingido pela mesma frecha bem no centro do peito. E com o sangue derramado pela esfera da existência que guardamos dentro de nós, se vai cada elixir de alma que ainda resta, mesmo após tantos consecutivos golpes e perfurações.
Pobre alma, mente, coração partido e olhos criam esse conjunto. Pernas firmes e enfeitiçada com uma "berserk spell" rumam para o oeste. Leva consigo a pesada bagagem de desilusões, perdas e inidiferença. A armadura, pele enferrujada e remendada após tantos cortes, segue trajando-me firme. Meio pano de fino linho das florestas, e ferro das minas, corpo este é metade de nobre cavaleiro, e outra apenas mais um soldado.
Fora um sonho tão belo! Parecia imaginação, mas era real. Meus sapatos descalçados eu carrego em uma das mãos, enquanto meus pés afofam a areia recém tocada pelo mar. A realidade dói, mas é bela e intensa, mesmo assim. Viagens e mais viagens dou a cada passo à diante. O vento trás o aroma das migalhas de frases e poesias perdidas em meu caderno de antigas realidades e novas ilusões. A última frase de um livro não é, necessáriamente, o fim de uma história. O fim talvez virá, como a alvorada do amanhã, ou talvez já se fora, como o poente que não mais enrubresce as bordas do céu azul como o oceano.





Pense o que você quiser. (Y)


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