quarta-feira, junho 1

Errados caminhos certos.

O aperto do coração que há dias atrás me atormentava sem motivo ou explicação, agora revela-se, de súbito. Como uma premonição, como poderia eu pressentir tanta injeção de adrenalina em meu corpo, em tão pouco tempo, em tão pouco espaço? E essas sussessivas perguntas que antes fizeram parte de meu cotidiano e há muito estão esquecidas, novamente circulam e são bombeadas por cada veia e artéria. Por cada fração de segundo.
Todas as semanas de um passado recente eu caminhei, sempre no mesmo dia, sempre na mesma hora, sempre procurando aquilo que nunca quis encontrar. Aquela que sempre quis encontrar, mas jamais tive coragem de seguir, de procurar. Diante de dias longos e preenchidos com tarefas, meus receios foram justificados. Mas sempre tive a certeza de que, no fim de tudo, o mundo daria voltas ao redor de sí e o que eu queria encontrar, de fato, surgiria em meu horizonte, de súbito. Tudo o que me é necessário é que eu dê os passos certos.
Contudo, hoje resolvi pisar em falso. Quebrei a rotina de todas as semanas, sempre no mesmo dia, sempre na mesma hora. Errei de propósito o caminho, pois não queria encontrar aquilo que sempre quis achar. Passos firmes e determinantes em direção ao desconhecido, com a cabeça ocupada demais pensando nas coisas que li e nas coisas que estudei. Concentrado e nervoso. Não precisava de mais nervosismo, não hoje. Não queria ter mais uma surpresa, mais uma partícula de pensamento diário e de busca na minha mente. Não hoje.
E com passos errados e errados ao que pareciam ser certos, eu encontrei. Eu encontrei-a.
Olhando pra baixo, com rosto rosado, entristecido, ocupada com sua rotina, não pode me ver. Eu, acovardado e surpreso por encontrá-la logo ali, naquela hora, apressei-me para sair de seu campo de visão. O aperto no peito que há dias me atormentava sem motivo, oculta, agora explica-se. A alma sabia que seria hoje, nesse instante, após tantos dias passando no mesmo lugar, no mesmo dia e hora. Talvez os olhos dela não tenha encontrado os meus, mas tenho uma louca certeza de que algo dentro dela sentiu meu caminhar trôpego, vagando pelo caminho errado, certo pela primeira vez, quando eu menos esperei.
No fim, o mundo dá mesmo voltas ao redor de sí. Eu já sabia que isso iria acontecer. Aqueles olhos tristes que pude ver hoje, felizes quando encontravam os meus, apontam para outra direção agora. E a sensação ruim, o peso e o aperto, cessam lentamente. Bom saber que ela está bem, que está viva. Dá-me forças pra continuar caminhando firme, determinante e confiante. Algo de extrema importância me aguarda agora. Talvez depois, em outro dia qualquer eu volte para encarar aqueles olhos mais uma vez e permita que este corresponda o olhar.
Quem sabe um dia, num futuro próximo.




Pense o que você quiser. (Y)

3 comentários:

Bruna Teixeira disse...

Nossa ameei *-*
muito perfeito o texto.

faz uma visita tbm : http://thesunalwaysrise.blogspot.com/

Beatrice disse...

Gosto da formo como consegue em uma junção de palavras dizer além do significado, além dos verbos, além da alma. Parabéns! Me identifico com seus textos.

Beatrice disse...

Forma*


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