Sinto o cheiro do sangue da discórdia e desconfiança. Aqueles que hoje estão conosco podem tornar-se inimigos mortais. Os fatos são esses. O caminho é único para cada pessoa. Tendemos a fazer aquilo que queremos e sentimos, individualmente. Nada de pensar no próximo, no coletivo, no que é melhor para aqueles que nos cercam e que temos afeto. A vontade carnal supera o brilho intenso de uma amizade talvez inabalável. Sangram os olhos, sujam as mãos e o dever é cumprido. Nada de se perder boas oportunidades, mesmo que para isso, o coração de alguém seja dilacerado.
Contar segredos é alar as serpentes e aliar nossa pureza fadada sempre ao fracasso com decepção, sofrimento e ingenuidade. Ainda há crianças dentro de cada um de nós. Acontece que, cada dia mais, essas crianças morrem prematuramente, assassinadas pelo monstro, pelo vírus que consome e infecta cada um através da mídia, da má convivência e da sede da vingança.
Troquei as vendas nos olhos pela cegueira permanente. Furei meus olhos para não ver o mundo definhando em minha frente e eu não poder fazer nada para salvá-lo. O mundo pelo qual eu não fiz nada contra e mesmo assim me ataca com verocidade. O mesmo mundo em que vivo é o qual faz questão de me prender, escravizar.
E são tantas mágoas que também não consigo mais sentir nada. Não choro, não sinto felicidade. Esperando apenas a paz de espírito, entro em conflito com meu interior e exterior a cada instante. A mesma mente que trabalha initerruptamente, vive momentos ociosos. Só consigo pensar em não pensar em nada. Só consigo ver rostos de siluetas e ouvir vozes uniformes. O ar que eu respiro não há cheiro que não seja o da desconfiança daqueles que já me ofereceram seus melhores perfumes.
Não há certeza de nada daquilo que guardo em minha mente. Um dia essas certezas virão. Mas enquanto espero-as, preocupo-me em me preparar sempre para o pior e mais sangrento combate que terei contra a vida e contra os meus ideais. Um dia de cada vez. Estudando todos ao meu redor, sem exceção. A serpente pode despertar de dentro de qualquer um. Principalmente daqueles que sabem o meus pontos fracos.
Tenho dançado conforme à música. Lenta, fúnebre e sonolenta. Sou agora o reflexo do espelho, não mais o corpo diante dele. Aprendendo a falar menos, observar mais. Aprendendo a combater as serpentes com armas selestiais. Preparando-me para as consequencias. E por falar em preparar, não importa o quanto estamos prontos, sempre estamos sujeitos à surpresas. E a certeza de que me surpeenderei com meu futuro é a única coisa que eu posso garantir no momento.
Pense o que você quiser. (Y)
domingo, agosto 29
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