Diversas das pessoas ao meu redor, entre diversos elogios quanto a mim, chegam à um denominador no seguinte ponto: O meu talento natural e impressionante para a escrita. Por minha modestia até acho certo exagero da parte destes, ao falar que sou um fenômeno da escrita, quando simplesmente torno-a apenas um pouco mais fácil. Correto, admito que escrevo bem, mas não o suficientemente bem para ser rotulado com todos esses títulos que me cercam.
Há dias em que acordo com ódio de tudo que escrevi no dia anterior. Dias em que eu vejo que não valeu a pena gastar o tempo, a tinta da caneta e a concentração com palavras que não surgem mais efeitos ou que não tem mais significância para certas pessoas. Então, em um acesso de fúria, rasgo todos os manuscritos e jogo-os no lixo. Quando conto o que faço com meus textos, os próximos a mim se assustam com tamanha incredibilidade. Tratam meus textos como jóias únicas, preciosas. Lamentam por não terem conseguido ler ao menos uma última vez.
A vida também é assim. Há dias em que acordamos com ódio de tudo o que aconteceu no dia anterior e anseia por mudanças. Então, num acesso de fúria consciente, joga fora tudo aquilo que não mais quer e todos ao redor lamentam e dizem "Mas porque você acabou com algo que era tão lindo?". Na nossa passagem pelo mundo, ganhamos algumas coisas, perdemos outras e jogamos fora o resto. Quando eu escrevo, faço isso. Ganho alguns textos e os adapto em minha forma de escrita, dou alguns e outros jogo fora, sem dó, sem pena.
Sinceramente, não sinto falta de nenhum deles. São só textos, são só palavras. Talvez hora ou outra bata a saudade de como era bom escrevê-los, de como eu escrevía-os. Talvez, somente isso. Entretanto, passam-se alguns dias e eu já até me esqueço da precisão com que usei aquelas palavras e é, então, chegado o verdadeiro fim. Tão simples como abrir a lixeira e jogar fora um papel amassado.
Dia após dia, vivemos testando aquelas pessoas que estarão sempre conosco. Aqueles "textos" que jamais serão esquecido ou até emoldurados seus escritos originais. A perda na vida de certas coisas, certas pessoas, certas diretrizes é eminente. É o mundo girando e nós caminhando em sentido contrário para acelerar o processo. Não é retroceder, nem progredir. Simplesmente, viver. Simplesmente buscar a felicidade que é algo platônico, mas que não conseguimos sequer respirar sem ter o pensamento de que pode conseguir o seu lugar ao sol. As pessoas ao meu redor lamentam-se pelos textos perdidos, mas acreditam sempre que eu voltarei com aquele sorriso largo de sempre com um texto melhor e mais belo. É a superação. E se eu posso tornar os textos simples e melhorá-los cada vez mais, também posso fazer o mesmo com a minha própria vida. Se uma história bela eu perdi, fora jogada fora, não faz mal! Posso, com toda a certeza, rasgar o que sobrou, jogar no lixo e escrever outra história mais bela ainda.
É assim que escrevo, é assim que pretendo viver. Ponto final.
Pense o que você quiser. (Y)
terça-feira, agosto 17
Ponto, parágrafo.
Marcadores: Olhos abertos
Postado por Dongo às 05:29
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário