"A situação era complicada ao extremo. Precisávamos não somente vencer, mas vencer por cinco gols de diferença. A primeira partida da final, que aconteceu semana passada, foi um baile do adversário. O time não conseguia se encaixar, se entender. Fomos vazados quatro vezes e foi pouco. O time oponente abusou de perder gols bobos, por preciosismo. Minha atuação no jogo passado também não foi boa. Não posso perder a humildade, mas sou a peça mais importante da equipe. Sou o craque, o camisa 10, capitão e jogador do elenco há mais tempo no clube. Aspirante a ídolo da torcida. Minha preformace dentro de campo influenciam todos os meus companheiros. E eu entrei apático. O time se abateu e sofremos 4 gols.
Parecia tudo perdido. A taça estava na mão do outro time. A glória e o nome resgistrado na história também. Tive uma semana dura de treino. Somos profissionais pagos para jamais desistir de fazer o nosso trabalho. Contudo, a chegada do doloroso e triste fim faziam minhas pernas tremerem, meu coração disparar. Sinceramente, eu já estava me dando por vencido. Porque sofrer, achando que seria capaz de conquistar aquele título, se o outro time era o grande favorito e ainda havia nos goleado. Eu cumpriria o protocolo, faria o que era necessário fazer e pronto. Ninguém acreditava. Nem a comissão técnica, nem os dirigentes, nem os companheiros de time. Ninguém conseguiria imaginar aquela taça na nossa sala de troféus.
Dois dias antes do último jogo, uma ligação me comoveu de uma maneira impressionante. Eu não sei quem era, nem como conseguiu o meu número de telefone. Ele só disse que era torcedor e que compreendia que a situação era complicada, mas mesmo assim ele ainda acreditava em que poderiamos ser campeões. "futebol são onze de cada lado. Da mesma maneira que eles marcaram 4 gols no primeiro jogo, vocês poderão marcar 5 nesse."
Ele contou ainda que havia uma mobilização de todos os torcedores. O estádio estaria lotado de homens, mulheres, crianças. Todos cantando a mesma música e dando força, por mais que tudo parecia à beira do precipício.
Eu não parei de pensar nessa ligação durante a concentração, durante a preleção. O técnico estava passando as intruções da partida quando me levantei e fui ao lado dele. Todos os meus companheiros me olharam assustados. Foi quando eu comecei a discursar.
- Estamos trabalhando duro durante o ano todo para conseguir chegar no lugar em que estamos agora. Estamos na final de um campeonato importante. Sei que somos profissionais acima de qualquer coisa. Mas ser profissional no momento em que nos encontramos agora não é o suficiente. Precisamos ser mais, ser melhores, ser maiores do que tudo e todos. Eu aposto que cada um de vocês pensaram no quanto seria difícil quando acabasse esse importante jogo. Nós vamos perder, o outro time é superior. Mas a minha vontade de levantar aquela taça é maior do que qualquer vontade que já senti na vida. Não só por mim, mas por todos que ainda acreditam nagente. Porque acreditam. Quando entrarmos naquele campo, haverão milhares de pessoas lotando o estádio e nos apoiando a cada lance, a cada jogada. Sofrerão da mesma maneira que sofreremos. Façamos de cada grito um fôlego a mais, de cada lágrima um passo à frente. Somos capazes, basta acreditarmos. Eu vou vencer. Eu quero vencer, mas não posso sozinho. Preciso da ajuda de vocês. Sem vocês eu não sou ninguém.
Um silêncio pairou durante poucos segundos. Todos estavam mudos. Todos estavam chorando. Um dos jogadores começou a bater palmas e aquele gesto foi imitado por todos os outros naquela sala.
- Se perdermos, - Continuei eu - será uma derrota honrosa. De cabeça erguida. Não tentar virar esse jogo só nos fará sofrer mais no futuro. Só temos essa chance. Devemos aproveitá-la. Essa é a hora de aproveitá-la. Nós todos sabemos o que temos de fazer. Não serão lousas e instruções que trarão a taça para as nossas mãos. Será o comprometimento e o coração na ponta da chuteira. A vontade de vencer que superará as barreiras do corpo e da alma.
E assim foi. A torcida Estava presente em peso. Eles não desistiram, pois amam o clube pelo qual torcem. Há muitos amantes que desistiram, mas por medo de sofrer mais. Não os culpo. Sofrer é uma coisa horrivel e difícil de se fazer. Agora dar mais um passo à frente é mais difícil ainda. Se jogar numa jaula com leões famintos é bastante complicado.
Aprendi, nesse dia, que conquistar uma taça não significa vencer. Podemos não ser campeões, mas seremos vencedores por termos lutado até o fim, não ter desistido até que não houvesse mais qualquer chance, por mais que mínima. Que se aceitar a derrota não é o mesmo que se conformar antes mesmo do último embate. E se uma parte de mim diz que eu vou perder aquela partida, a outra parte diz que eu ainda tenho um jogo inteiro pela frente para provar do que eu sou capaz da melhor maneira possível. Eu provarei. Para todos que me apoiam e para mim mesmo.
Que começe o jogo."
Pense o que você quiser. (Y)
sábado, julho 31
A grande final.
Marcadores: Monólogos
Postado por Dongo às 10:37 0 comentários
A derrota do vitorioso.
Mesmo com o coração despedaçado sobre as mãos, mesmo sabendo que magoei e que fui magoado, mesmo que não haja mais certeza de nada, pela primeira vez as lágrimas escorrrem sobre a minha face com um verdadeiro sorriso estampado no rosto.
Mesmo sabendo que o fim está se aproximando, mesmo que o fim venha contra a minha vontade, mesmo que seja o desfecho de um conjunto de coisas extremamente desagradáveis e ruins, pela primeira vez o choro é de alívio, não de sofrimento.
E o sorriso que estampo na face pálida, não é somente por recordar com carinho todos os lampejos de bons momentos, mas também por ter certeza, finamente, de muitas coisas. A certeza que sempre soube e ainda sim trancava-a dendo de mim e inventava respostas e teorias duvidosas para tudo o que estivera acontecendo.
Meu sorriso é o de uma pessoa que, pela primeira vez, sabe o que vai fazer e está convicto de que é o melhor. Se choro, é porque perdemos lutas para conquistar o respeito e honra. Perdemos amigos, perdemos tempo, perdemos amor. Essas derrotas são por nossos próprios demétiros, próprios desleixos. Não há nada que nos faça cair quando nos sentimos imponentes. Não há dúvidas que nos faça fraquejar quando estamos concivtos da certeza. Nem dúvidas há. Tudo sempre é tão claro que, às vezes, assusta.
Enganar a nós mesmos faz com que as pessoas ao nosso redor sofram. Quanto mais próximo ela estiver, mais sofrerá, por ter a impressão de que há algo escondido e pensar que é a grande culpada. Eu me sinto assim, eu fiz as pessoas se sentirem assim.
O ser humano tem o dom de tomar decisões certas tarde o suficiente para não colher aquilo que plantou com tanto afeto. Eu sou um deles. Pequei por ser quem eu sou quando não precisava e deixar de ser quando se era impressindível. Não pequei sozinho, concordo. Mas pequei.
Sei que agora é tarde para lamentações. Por isso que estou sorrindo, por isso que estou chorando. Choro porque, lá no fundo da minha alma, sei de tudo o que eu podia ter feito para evitar essa reação em cadeia. Se continuo a sorrir, mesmo assim, é por ser grato à vida ao me dar mais uma oportunidade de dizer tudo o que devia e quis há bastante tempo, sem a pressão de falar algo errado e perder aquilo que amo. Agora eu não me importo com as consequencias, apenas com a minha consciencia, de mesmo que tarde para salvar um sentimento da destruição, no tempo suficiente de, ao menos, dar um motivo e não me lamentar depois.
Já sei o que eu devo fazer. Estou determinado a fazer. Porque quando agente determina, agente faz.
"Se um dia você se ver no fim de um jogo muito arriscado, onde já sabe que não há condições de vencer, não desista. Tente novamente vencê-lo, ao menos mais uma última vez. Se você perder, não terá nenhuma surpresa, pois era o resultado esperado. Surpresas podem acontecer a todo o momento. Afinal, enquanto uma partida não acaba, ainda não há vencedores e perdedores."
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: O Antes
Postado por Dongo às 05:06 0 comentários
quarta-feira, julho 28
Somente uma passagem.
"Serei o mais breve que puder, meu filho:
Toda essa paisagem linda que observa agora, estas crianças brincando e correndo, aquele casal sentado na grama, os idosos sentados no banco, tudo isso não passa de sua imaginação. O lugar em que você se encontra agora, na verdade, é de todo escuridão. Não existem as árvores ou mesmo grande lago. Aquela ponte de cristal, na verdade é de madeira negra e sombria.
Olhe para você! Pode estar se vendo vestido em uma manta toda branca, sua pele rosada, seu coração vibrando e o sangue ainda pulsando pelo seu corpo. Mas isso não é verdade. Estás deitado num leito, com pele pálida, corpo extremamente magro e frio, como uma múmia. Seus parentes choram em suas mãos de maneira deprimente. Até eu, meu filho, sinto remorso por todos aqueles que sempre te amaram e sempre vão te amar. Entretanto, todos entendem que a vida é algo demasiadamente simples e frágil, que já aceitaram sua partida.
Pois bem. Estás vendo toda essa paisagem de crianças, lago e árvores? Consegues ouvir esta música cativante? Segure minha mão e não tema, pois após aquela ponte de cristal, haverá uma paisagem idêntica aquela. Muitos de seus antepassados que já atravessaram aquela ponte, estão lá do outro lado para te receber. Confie em mim, pois tudo isso é somente uma passagem. Tua vida estás prestes a começar... "
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: Monólogos, Remake do Blog
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segunda-feira, julho 26
Uma pessoa diferente de todas as outras.
Não sou uma pessoa como qualquer outra. Sou teimoso e não me rendo ao sistema. Mesmo quando vejo meus amigos seguindo o outro caminho, mesmo quando ouço meus parentes dizerem que seguiram o outro caminho na juventude e que eu sou novo demais para ter um pensamento radical como este de levar a sério aquela pessoa que digo que amo. A porta para o sistema é larga e o interior do aposento é confortável e quente. Lá não há muito sofrimento, desilusões e sobram prazer e satisfação. É o inferno travestido de paraíso, o carnaval onde nos rebelamos e compactuamos com diversos tipos de armas que ferem e matam esses sentimentos puros do qual eu me refiro.
Se digo que amo, é porque amo sim. Talvez não tenha encontrado a melhor maneira de demonstrar esse tamanho e inoscente sentimento, não tenha conseguido sintonizar o meus sinais de um modo plenamente receptivo. Entretanto, não posso mentir em que há horas que eu me sinta um tremendo idiota de tentar seguir a estrada estreita e sinuosa para se chegar à porta dos seres raros, apaixonados, românticos. Esse portal, diferente do outro, é minúsculo e o interior do aposento é empoeirado, pequeno e frio. Os sofrimentos causados pelo amor e pela solidão que o amor causa magoa profundamente. Faz perder o sono, a fome, os objetivos.
Não sou uma pessoa como qualquer outra. Não consigo mudar e fazer parte deste sistema. Sou diferenciado, de caráter inflexível. Não me rendo aos encantos de um caminho fácil e uma ilusão de que está tudo completamente bem. Sou forte, resistente, íntegro. Amo e respeito. Sou sincero ao ponto de me fazer cruél com as palavras, ás vezes. Perdi o medo de escolher a porta larga por medo de me ferir na caminhada até a outra e não conseguir entrar. Perdi, também, o medo de permanecer lá dentro só. Deixa o passado para quem não se concentra no presente. Caminharei, passo à passo, rumo àquilo que me faz bem. Farei a minha parte até os últimos dias da minha vida, pois sou uma pessoa diferente das outras.
Infelizmente, diante de todo esse sistema cativante e belo, é difícil as pessoas enxergarem que dentro daquele espaço pequeno e frio, há uma luz brilhante e contagiante. há uma estrela que nos transporta para um paraíso onde num belo jardim, junto à uma grande árvore, sua amada te espera. Vejo, muitos até tentando trilhar esse caminho difícil, mas poucos são os que conseguem atingir a plenitude.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: Livro Branco, Olhos abertos
Postado por Dongo às 06:05 0 comentários
sexta-feira, julho 23
Realejo.
Uma cachoeira de dúvidas e insegurança cai em queda livre rumo ao rio de pensamentos pessimistas, deduções ilusórias e fatos inexistentes. A certeza e a fidelidade dos sentimentos continuam sendo maiores, mas ainda sim somos capazes da crueldade de diminuí-los diante de problemas que não passam de obras de nossa imaginação. E o que é problema corriqueiro, típico de nosso cotidiano, acumulamos à estes, somente para fazer de desculpa e ocultar a verdadeira aflição.
Passamos, então, a nos lembrar dos piores momentos em que passamos em conjunto. Aqueles que mais nos faz desagradar, que nos dá vontade de chorar, apenas por achar ora ser muito, ora ser pouco para a pessoa amada. As tristes recordações se embaralham com questões do tipo, "ser muito ou ser pouco?", "merece-me ou não?", "Mereço-o ou não?".
Se há algo que eu aprendi nos últimos dias e que eu posso tomar como lição e passar à diante é que existem as perguntas que podem ser respondidas, existem outras que não podem e também há aquelas que não se responde com palavras, mas gestos.
Essa inquietação, tensão, nada mais é do que o desejo profundo de unir os dois nortes e não conseguir. Contestar a física e criticá-la por ser tão complicada de entender, de executar. Pois se há algo que eu tenho certeza é que quando fazemos uma força sobreumana e conseguimos unir os dois imãs com um abraço apertado, todas as perguntas inúteis se dissipam no ar. Nada mais importa, a não ser aquele momento raro, vivido como se fosse o último sopro de vida. Demasiadamente intenso, de forma que nem as recordações boas são suficientes para reconstituir aquele instante de tempo infinito e desprezível.
Pois é assim que eu me sinto. Não posso afirmar se o outro norte pensa da mesma maneira, mas mesmo assim, estranhamente, eu tenho uma leve certeza deste raciocínio ser mútuo. Por mais que não se possa ir contra as leis da física, Podemos fazer uma força Newton maior do que a resistência do imã e conseguir tocá-los por mais alguns segundos. Porque os opostos se distraem, os dispostos é quem se atraem.
Sinta o que você quiser. (Y)
Marcadores: O Antes
Postado por Dongo às 19:59 0 comentários
quarta-feira, julho 21
Pier, vinho e violão.
A vida vai passando e com ela se vai lentamente nossa juventude. Agora podemos enxergar o mundo um pouco menor, pois nossos olhos aumentaram o campo de visão e a mente já tem perspectivas amplas. Passam os amores, passam as vontades. Passa o presente pra virar passado. Ficam a memória e a saudade daquilo que não voltará para nos alegrar novamente. Entretanto, assim como há momentos que jamais retornarão, existem as pessoas cujo momentos esses foram compartilhados que sempre voltarão dispostos a novas histórias. Gente como eu, que não tem vergonha do simples, não faz questão de muito, se não a presença daqueles que realmente nos fazem brilhar e sentirmos-nos únicos.
Passa o violão pra eu tocar a saideira! Vou tocar aquela que todos cantam juntos, sempre. A canção de um jovem aventureiro que aprendeu com as coronhadas da vida, mas agora é capaz de compreender e distinguir o certo do "serto" e o "serto" do errado. Dedilhar os acordes que cessam todos os pensamentos maléficos à alma. Que acalma e trás sorrisos, trás lágrimas também. Que nos faz durante poucos minutos parecer que vivemos num mundo como "nova-mente", onde os problemas são tão minúsculos que sequer parecem existir.
Eu sempre vejo pessoas infelizes buscando sua felicidade em lugares tão distantes. Eu já fui um infeliz destes, achando que não poderia contar com a cumplicidade e carinho de um próximo semelhante. Mas isso foi há muito tempo. Apos acordar com a ressaca e a cabeça latejante de uma noite anterior no pier, com violões e uma galão de vinho barato, eu percebi que a dor que parecia furar o crânio era a mesma que movia a minha boca à um sorriso largo, aquele que eu guardo só para momentos especiais.
Mas não foi o pier, a música, ou mesmo o vinho que me fez sentir assim. Não bebi sozinho, não cantei sozinho. E mesmo que não houvesse bebida e canções, a minha felicidade seria a mesma. Sentiria-me saciado de igual maneira. Pois em cada um ali presente naquela noite, um pouco de mim deixei e um pouco deles coletei. Sei que cada um estava sem as máscaras do cotidiano que costumamos colocar por diversos motivos. Não por falsidade, mas por proteção. Alí não havia esse tipo de coisa. Cada um era aquilo que reamente é.
Momentos como esse não acontecerão novamente. Jamais haverá outro dia como aquele, com as mesmas pessoas, com o mesmo vinho. Mas se haverá algo que sempre estará presente, essa é a minha grande descoberta: Que eu sou feliz e que o que pode parecer pouco ao olhos de muita gente, é impressindível para mim. E, mesmo que daqui a algum tempo alguns desses não puderem estar presentes, sei que outros estarão. Não para tomar o lugar de quem já esteve, mas sim para somar e aumentar o cíclo.
Dedicado à: Kado, Paulinho, Higor, Caio, Gustavo, Pedrinho e todos os brothers que não estavam presentes em corpo, mas que foram lembrados e não terão seus espaços ocupados jamais.
(21 de Julho. Dia do Brother)
Pense o que você quiser. (Y)
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Postado por Dongo às 06:49 0 comentários
segunda-feira, julho 19
Sonhos e realidades.
Uma avalanche de confusão me enterrou na cama fria e pouco aconhegante, onde me encontrava há instantes atrás. Assombrado por incertezas e longa espera, o caminho árduo pelo qual pretendo percorrer parece ainda mais estreito, serpenteando entre a densa floresta de dores, tristezas, solidão.
É quando fecho os meus olhos e deixo-me levar pela sonolênica, ironicamente, sinto-me mais preso e sufocado. O mesmo momento de êxtase que, no passado, parecia me dar asas e não ponderava limites para as viagens, as companhias, agora é o momento de maior aflição. Os sonhos se tornaram paredes e grades rígidas, mantendo-me refém de situações inexplicavelmente reais.
Tenho sonhado com a minha realidade somente. Os sonhos antigos, metas antigas se foram. Agora são as vozes que eu prefiro ignorar quando estou acordado que ecoam na minha cabeça quando durmo. A pressão de cumprir as promessas, de concretizar desejos, de encarar de frente os leões rugindo burocracia. Saber que não sou mais forte o suficiente para saber até onde posso aguentar tanta expectativa, tanta aflição e, diante disso, passar a viver um dia de cada vez, uma hora de cada vez, um minuto de cada vez. Torcer para que o gás do fogão acabe antes do leite transbordar e assim, somente dessa maneira, poder repousar em paz.
Conforme as noites passam, os dias continuam calmos e serenos. Todas as preocupações eu simplesmente deixo fora da minha mente sofredora pelos sonhos carrascos. Prefiro, enquanto tenho pleno poder da mente, sonhar acordado todos os sonhos que há tempos só vinham durante a madrugada. Tento pensar somente de forma positiva, otimista, idealizando todas as coisas cujo quero alcançar. Fertilizando a minha pobre alma para que, quando a lua reinar no céu, eu possa sofrer um pouco menos que na noite anterior.
Talvez eu quisesse mesmo não dormir mais. Pois os meus sonhos não têm me confortado como outrora fez. Não me ajudam a acordar disposto, mas sim temeroso, sensível e insano. Como um monstro irracional eu guardasse e que agora parece querer acordar. Uma aberração que poderia ferir todos e destruir tudo ao meu redor. Logo, me destruiria de igual forma.
Mas já que não tenho poderio de enganar o sono e o cansasso, mesmo sabendo que mais pesadelos virão e mais da minha vitalidade e harmonia eles levarão, tento incansavelmente sonhar enquanto estou de olhos abertos. Ao menos me sinto imponente, impenetrável, invulnerável por pequenos instantes, reunindo mais um punhado de força para viver o dia que virá.
Pense o que você quiser. (Y)
Marcadores: Quase-paradoxos
Postado por Dongo às 15:34 0 comentários
quinta-feira, julho 15
Letters to God
Um mutirão de novas dúvidas, novas charadas, surge logo assim em que descobrimos as respostas das antigas. Perguntas que intrigam e que fazem repensar, por um momento, por cada decisão futura.
O futuro está em jogo, mas é o passado quem bate à porta nesse momento. E este, ora mostrando-se imponente e ora abatido com a ilusão de perda, quer entrar na porta trazendo esclarecimentos. Tenta convencer-me de que passado e futuro possam ser a mesma coisa.
Talvez se o mundo der mesmo voltas, o que é passado hoje pode tornar a ser presente no futuro. Contudo, eu prefiro pensar que o mundo é uma linha reta, uma estrada vertical, onde o que passou só retorna com lembranças boas ou ruins, pois por mais que nos deparamos com situações mais de uma vez em nossas vidas, elas jamais serão idênticas.
Eu tentei manter a cabeça limpa de pensamentos, pois em nossa mente, há uma porta onde todos conseguem entrar. O que me conforta é saber que a porta do meu coração está trancada por dentro e ele já está preenchido. Essa porta só se abre se a pessoa que lá dentro se encontra quiser sair.
E enquanto eu tento organizar a minha cabeça, a cabeceira cheias de papeis e cartas para a vida, eu me contento com a felicidade de saber que antes de novos enigmas surgirem pra mim, as respostas destes serão desvendadas.
(13/04/2010)
Pense o que você quiser. (Y)
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sexta-feira, julho 9
Meu segundo ato.
Dezessei de Julho de Dois mil e dez. Dia em que pegarei um ônibus e viajarei com a convicção de que, mais uma vez, mais um sonho meu será realizado. Será o "Segundo Ato" que assistirei ao vivo e, após, na TV. Quem sabe eu não me veja na telinha, dançando feliz, abaçaiado, disfarçado de palhaço de nariz azul. Sim, é azul o meu nariz. Pintado a mão, imperfeito como todos nós. Parece estranho, feio. Mas meu coração diz que é o mais bonito, porque é da cor do meu amor.
Faltam poucos dias para me lançar de cabeça na multidão que verá o lançamento de velhos amigos em novos números. Caminhar com o coração em disritimia, atravessando as ruas e os arcos da bohemia. Fazer da fundição progresso mais um circo daquela região. Poder fazer parte, mesmo que mínima, do conjunto de movimento, ação e celebração. Doar meus olhos, minhas mãos erguidas, meus ouvidos e meu coração.
E, mesmo sabendo que coisas novas surgirão, certeza eu tenho de que matarei saudades do meu camarada d'água, amigo de longa data. Observarei a lua, o mar amante de uma menina, o monstro sombreando o palhaço de barba e frases comoventes. Ao som do violino, do violão, conheceremos uma nova versão daquela velha canção. Brilharemos. Como platéia, eu vibrarei e cantarei todas as canções de forma contagiante.
Aflito eu aguardo os dias passarem em regressiva contagem, pois momentos que precedem serão únicos. Já provei de momentos parecidos antes. São inigualáveis, insubstituíveis, eternos. Momentos em que não importa como somos ou quem somos, apenas flutuamos dentre as poesias e as melodias. Apenas olhamos, ouvimos e cantamos. Problemas não existem, tristeza também não. Apenas deixamos-nos levar até o fim. E quando o fim chega belo, incerto, temos a certeza de que enquanto ainda respirarmos, recordaremos todas as sensações maravilhosas deste dia especial. Talvez até o último...
Sintaxe à vontade e...
... Pense o que você quiser. (Y)
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Postado por Dongo às 23:14 0 comentários
quinta-feira, julho 8
Onde está minha felicidade?
A sensação é a mesma de ser expulso de casa sem saber o motivo. Ser demitido do trabalho, levar o cartão vermelho do juiz, quebrar o carro em uma estrada deserta e longe de um mecânico. Mesmo tendo a consiencia livre de culpa, não há como não se culpar e se perguntar como poderia ter se evitado tamanha dor. Recapitulamos a história. Uma vez, outra e mais outra. E com mais recordações, mais detalhes chegam e mais confusos ficamos em relação ao que queremos e o que devemos fazer.
Felicidade, definitvamente, não é algo que se compra ou que nos obrigamos a ter. Ela vem sempre de onde menos esperamos, quando esperamos e, muitas das vezes, não nos damos conta até ela partir sem dar endereço, sem permitir que procuremos por ela. E mais doloroso do que perder a felicidade é vê-la partir, sem piedade, sem honra, por medo ou pelo sei lá o que. Vê-la partir, ainda não é o pior do que vê-la partir contra nossa vontade, fazendo-nos atar os braços e apenas observar o caminhar para o horizonte daquilo que nos faz desatinar ao choro pelo simples fato de não sorrir os meus melhores sorrisos.
Eu não me conformo em saber que minha felicidade se parte para me ver feliz. Felicidade não se encontra em qualquer esquina, em qualquer bar. O que encontramos são ilsórios sentimentos que, depois passado o efeito das brejas, passa a ser arrependimento, lágrimas descomunais e mais vontade de procar a felicidade verdadeira. Se despedir ou simplesmente fechar a porta sem dizer uma palavra não é um ato de heroísmo, de força, de pulso firme. Quem abre mão das coisas que ama por heroísmo, por sacrifício, acaba não preservando, mas destruindo todos os planos otimistas daquela pessoa que se tem afeto. E se o tempo passa e cura todas as feridas, assim como um arranhão cria cascas e é capaz de regenerar a pele, essas feridas demoram demasiadamente a se cicatrizar. E quando cicatriza, não é como antes fora. Deixa marca, deixa as lembranças do tombo.
Talvez um dia eu volte a sorrir se não tiver minha felicidade aqui perto de mim. Mas o que era um sorriso largo, se transformará em um sorriso de canto de boca. Posso afirmar isso. Se um dia eu voltar a ser feliz, será uma felicidade contida, de meias verdades. Os olhos que observarei não serão os mesmos, os meus olhos também não serão. Ficarão mórbidos, cegos, obscurecidos por uma sombra de uma felicidade que me fechou as portas sem saber o que estava fazendo. Que me privou de ser feliz achando que assim me faria contente. Achando que afogar-se em sofrimento duradouro me faria mais forte e resistente. Mais amado, mais importante.
Não posso remar contra a maré e nem caminhar com os pés amarrados. O maior sofrimento é ter que ver aquilo que se mais arduamente trabalhou pra se conquistar partir e não poder fazer absolutamente nada. Não poder, ao menos, dar um último abraço, um último beijo, dizer pela última vez que eu havia encontrado o verdadeiro sentido da palavra felicidade. Dizer que todos os momentos bons foram melhores do que eu poderia imaginar e que os momentos tristes foram amenos, por apesar de tudo, ter um colo onde recostar a cabeça, ter pernas para se difundir às minhas, ter um silêncio enigmático, mas estranamente confortante. Dizer que, por mais que o tempo passar e o futuro me reserve boas surpresas, nenhuma será melhor ou me trará mais conforto do que o conforto de dois braços finos, mas que conseguem sustentar toneladas de sentimentos, tais esses que nem nome existem para citá-los. Que não haverão olhos e sorrisos como aquele, que me faz esquecer de tudo e faz todos os problemas se tornarem simples.
Desejaria ver a silueta da minha felicidade crescendo pelo horizonte, trazendo duas mãos e paciência para desatar os nós das cordas que me prendem. E mesmo que eu me corte quando um facão desfiar essas amarras, eu ainda me sentiria feliz, pois pequenos sacrifícios sempre podem ser feitos em pró de um verdadeiro motivo. Prefiro que me ranquem os olhos do que ter que ser obrigado a ter que sempre imaginar em qualquer par aqueles que eu gostaria realmente de ver. Prefiro ficar mudo à dizer que amo alguém, que não fosse aquela quem eu realmente sinto algo.
Ás vezes eu me sinto um monstro. Sou um montro por que faço as pessoas sentirem medo de mim. Pois não consigo fazer quem amo feliz e nem ficar perto daqueles que amo. É isso que os monstros fazem. Afastam as pessoas, deixam-as conturbadas e intrigadas. Pareço ofuscar e responsabilizar as pessoas por parecer ser extremamente especial. Se sou especial, é porque há um motivo para me sentir assim. Se me sinto especial é porque eu estou feliz e só sou feliz quando minha felicidade está perto, se não ao alcance das minhas mãos, ao alcance do pensamento, da imaginação. Se eu me ver em apuros, à beira de um precipício e meu amor trocar sua própria felicidade pelo meu bem, se me salvar e cair num buraco obscuro e cheio de incertezas, Eu prefiro me atirar também do que ver aquele pequeno corpo sumir e perecer no vazio. Prefiro me jogar e cair de mãos dadas, de cabeça, no mar de problemas. Pois por mais cruel possa parecer a vida, saber que não estou no infinito da escuridão sozinho já é uma pequena luz que ilumina o caminho. Uma luz que só quem sente consegue ver e imaginar. E é essa luz que eu sempre vejo refletida num rosto de pele branca e rosada. Uma luz que só nós podemos ver.
Quero viver de pequenas tristezas, que são espinhos do trajeto, mas com uma alegria singular, rara, única, ímpar, completamente distinta de qualquer outra que possa aparecer no meu longo caminho pela vida. Não quero ter que caminhar com o peso de ser obrigado a viver com pequenas alegrias e uma grande tristeza, que é a de não poder ter a minha felicidade andando de braços dados comigo. Porque quando a felicidade parte, com ela está um pedaço de mim que eu dei e que não se pode devover, pois marcou como a tatuagem marca a pele. E mesmo que eu apague ou rasgue as histórias de quando eu era feliz das minhas escrituras, estas jamais sairão da minha mente. Agente pode enganar todos, mas a nós mesmos não conseguimos. Não posso me enganar ou me obrigar a querer aquilo que eu não quero. Entretanto, infelizmente eu não sou capaz de fazer além do que está ao meu alcance.
O poço fundo de águas de sofrimento eu tento esvaziar com minha xícara de chá. Mas só posso tirar água até onde os meus braços alcançarem. Será doloroso, demorado e, no final, todo esforço não vai acabar com o sofrimento. Pode diminuir, mas acabar não pode.
Se há muitas coisas que eu ainda não sei, ao menos uma certeza mesmo. Eu sei onde é, quem é e como é que eu posso ser feliz. Agora eu rezo, de olhos fechados, para que o único motivo pelo qual tem me tirado verdadeiros sorrisos do rosto, feito meus olhos brilharem, volte e me desamarre de todos esses males. Mesmo que pra isso eu precise me machucar mais um pouco. Não me importo. A dor é despresível perto do sentimento da perda, da partida. Que retorne, enxugue meu rosto e me deixe enxugar o seu. Que me deixe perdoar, deixe perdoar a mim mesmo, deixe entrelaçar os corpos. Deixe correr nas veias mais um pouco de desejo, mais um pouco daquela vontade de ficar perto, de ficar junto. Que esqueça o que passou, esqueça o que possa acontecer de ruim a frente e pense sempre somente no quanto felizes podemos ser quando estamos lado à lado. O quanto eu fico estuperfato de felicidade e o quanto gozo dela quando há um corpo cujo sentimento está além da compreensão humana. Sentimento cujo somente quem sente sabe como é. Que me faz voar com os pés no chão.
Pense o que você quiser. (Y)
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Postado por Dongo às 07:39 0 comentários