"A situação era complicada ao extremo. Precisávamos não somente vencer, mas vencer por cinco gols de diferença. A primeira partida da final, que aconteceu semana passada, foi um baile do adversário. O time não conseguia se encaixar, se entender. Fomos vazados quatro vezes e foi pouco. O time oponente abusou de perder gols bobos, por preciosismo. Minha atuação no jogo passado também não foi boa. Não posso perder a humildade, mas sou a peça mais importante da equipe. Sou o craque, o camisa 10, capitão e jogador do elenco há mais tempo no clube. Aspirante a ídolo da torcida. Minha preformace dentro de campo influenciam todos os meus companheiros. E eu entrei apático. O time se abateu e sofremos 4 gols.
Parecia tudo perdido. A taça estava na mão do outro time. A glória e o nome resgistrado na história também. Tive uma semana dura de treino. Somos profissionais pagos para jamais desistir de fazer o nosso trabalho. Contudo, a chegada do doloroso e triste fim faziam minhas pernas tremerem, meu coração disparar. Sinceramente, eu já estava me dando por vencido. Porque sofrer, achando que seria capaz de conquistar aquele título, se o outro time era o grande favorito e ainda havia nos goleado. Eu cumpriria o protocolo, faria o que era necessário fazer e pronto. Ninguém acreditava. Nem a comissão técnica, nem os dirigentes, nem os companheiros de time. Ninguém conseguiria imaginar aquela taça na nossa sala de troféus.
Dois dias antes do último jogo, uma ligação me comoveu de uma maneira impressionante. Eu não sei quem era, nem como conseguiu o meu número de telefone. Ele só disse que era torcedor e que compreendia que a situação era complicada, mas mesmo assim ele ainda acreditava em que poderiamos ser campeões. "futebol são onze de cada lado. Da mesma maneira que eles marcaram 4 gols no primeiro jogo, vocês poderão marcar 5 nesse."
Ele contou ainda que havia uma mobilização de todos os torcedores. O estádio estaria lotado de homens, mulheres, crianças. Todos cantando a mesma música e dando força, por mais que tudo parecia à beira do precipício.
Eu não parei de pensar nessa ligação durante a concentração, durante a preleção. O técnico estava passando as intruções da partida quando me levantei e fui ao lado dele. Todos os meus companheiros me olharam assustados. Foi quando eu comecei a discursar.
- Estamos trabalhando duro durante o ano todo para conseguir chegar no lugar em que estamos agora. Estamos na final de um campeonato importante. Sei que somos profissionais acima de qualquer coisa. Mas ser profissional no momento em que nos encontramos agora não é o suficiente. Precisamos ser mais, ser melhores, ser maiores do que tudo e todos. Eu aposto que cada um de vocês pensaram no quanto seria difícil quando acabasse esse importante jogo. Nós vamos perder, o outro time é superior. Mas a minha vontade de levantar aquela taça é maior do que qualquer vontade que já senti na vida. Não só por mim, mas por todos que ainda acreditam nagente. Porque acreditam. Quando entrarmos naquele campo, haverão milhares de pessoas lotando o estádio e nos apoiando a cada lance, a cada jogada. Sofrerão da mesma maneira que sofreremos. Façamos de cada grito um fôlego a mais, de cada lágrima um passo à frente. Somos capazes, basta acreditarmos. Eu vou vencer. Eu quero vencer, mas não posso sozinho. Preciso da ajuda de vocês. Sem vocês eu não sou ninguém.
Um silêncio pairou durante poucos segundos. Todos estavam mudos. Todos estavam chorando. Um dos jogadores começou a bater palmas e aquele gesto foi imitado por todos os outros naquela sala.
- Se perdermos, - Continuei eu - será uma derrota honrosa. De cabeça erguida. Não tentar virar esse jogo só nos fará sofrer mais no futuro. Só temos essa chance. Devemos aproveitá-la. Essa é a hora de aproveitá-la. Nós todos sabemos o que temos de fazer. Não serão lousas e instruções que trarão a taça para as nossas mãos. Será o comprometimento e o coração na ponta da chuteira. A vontade de vencer que superará as barreiras do corpo e da alma.
E assim foi. A torcida Estava presente em peso. Eles não desistiram, pois amam o clube pelo qual torcem. Há muitos amantes que desistiram, mas por medo de sofrer mais. Não os culpo. Sofrer é uma coisa horrivel e difícil de se fazer. Agora dar mais um passo à frente é mais difícil ainda. Se jogar numa jaula com leões famintos é bastante complicado.
Aprendi, nesse dia, que conquistar uma taça não significa vencer. Podemos não ser campeões, mas seremos vencedores por termos lutado até o fim, não ter desistido até que não houvesse mais qualquer chance, por mais que mínima. Que se aceitar a derrota não é o mesmo que se conformar antes mesmo do último embate. E se uma parte de mim diz que eu vou perder aquela partida, a outra parte diz que eu ainda tenho um jogo inteiro pela frente para provar do que eu sou capaz da melhor maneira possível. Eu provarei. Para todos que me apoiam e para mim mesmo.
Que começe o jogo."
Pense o que você quiser. (Y)
sábado, julho 31
A grande final.
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