sexta-feira, julho 23

Realejo.

Somos como dois imãs apaixonados. Curiosamente, aquilo que nos difere é justamente aquilo que temos em comum. Estamos em sentidos opostos, com o norte apontado para a direção do outro. Por maior que seja a força que façamos, não conseguimos nos unir e nos apegar. Não posso garantir que esse raciocínio está correto. Contudo, não ter certeza de que somos e pensamos iguais é justamente o que me deixa mais certo disso. Somos incapazes de nos expor diante da ameaça de magoar a pessoa amada. E essa reclusão, dada após a pressão de se calar, acaba afetando ainda mais não só quem sentimos afeto, mas principalmente a nós mesmos.
Uma cachoeira de dúvidas e insegurança cai em queda livre rumo ao rio de pensamentos pessimistas, deduções ilusórias e fatos inexistentes. A certeza e a fidelidade dos sentimentos continuam sendo maiores, mas ainda sim somos capazes da crueldade de diminuí-los diante de problemas que não passam de obras de nossa imaginação. E o que é problema corriqueiro, típico de nosso cotidiano, acumulamos à estes, somente para fazer de desculpa e ocultar a verdadeira aflição.
Passamos, então, a nos lembrar dos piores momentos em que passamos em conjunto. Aqueles que mais nos faz desagradar, que nos dá vontade de chorar, apenas por achar ora ser muito, ora ser pouco para a pessoa amada. As tristes recordações se embaralham com questões do tipo, "ser muito ou ser pouco?", "merece-me ou não?", "Mereço-o ou não?".
Se há algo que eu aprendi nos últimos dias e que eu posso tomar como lição e passar à diante é que existem as perguntas que podem ser respondidas, existem outras que não podem e também há aquelas que não se responde com palavras, mas gestos.
Essa inquietação, tensão, nada mais é do que o desejo profundo de unir os dois nortes e não conseguir. Contestar a física e criticá-la por ser tão complicada de entender, de executar. Pois se há algo que eu tenho certeza é que quando fazemos uma força sobreumana e conseguimos unir os dois imãs com um abraço apertado, todas as perguntas inúteis se dissipam no ar. Nada mais importa, a não ser aquele momento raro, vivido como se fosse o último sopro de vida. Demasiadamente intenso, de forma que nem as recordações boas são suficientes para reconstituir aquele instante de tempo infinito e desprezível.
Pois é assim que eu me sinto. Não posso afirmar se o outro norte pensa da mesma maneira, mas mesmo assim, estranhamente, eu tenho uma leve certeza deste raciocínio ser mútuo. Por mais que não se possa ir contra as leis da física, Podemos fazer uma força Newton maior do que a resistência do imã e conseguir tocá-los por mais alguns segundos. Porque os opostos se distraem, os dispostos é quem se atraem.




Sinta o que você quiser. (Y)

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