segunda-feira, novembro 22

Diferente de todos os outros.

Porque eu sou.

" - Poeta?"

Sim. Sou um poeta, um literário. Mas não sou simplesmente porque escrevo. Sou poeta porque consigo ir além, muito além. Sou literário porque escrevo mais do que vejo ou imagino. Escrevo, também, o que sinto. Sou poeta, literário, porque amo as palavras e amo o universo que me cerca, acima de todas as coisas.
Por mais difícil e triste que possa parecer, a dor que sinto é infindável. A dor que sangra tinta, preta, nos pergaminhos infinitos, escritos com nosso suor e rabiscos frouxos. Dor que sangra molhada, salgada, saída dos olhos, avermelhando-os e formando um rio de sentimentos sobre as maçãs. A dor que, mesmo trespassada, não deixa de ser a coisa mais bonita que há dentro de mim.
Leio os monstros do passado em que o amor era insolúvel. Antes do samba, da bohemia, que hoje me submergem, na ânsia da cura e de dias melhores, de paz. Cura para a dor que não existe remédio.
Mortos.
Poetas antes de mim, que me deixaram suas monstruosidades como herança. Todas as cartas mais belas e sensações de singularidade especial. Tudo igual, mesmo que, agora, o tom sépia não esteja tingindo-me.
Mas eu sou diferente.
Eles dotaram um sentimento forte o suficiente para perderem o rumo, a sã consciencia. O necessário para tirarem suas próprias vestimentas e correrem a peito nu na chuva e frio. Suicídio.
Mas eu sou diferente.
Estou morto tanto quanto qualquer um. Mas minha morte é diferente. Minha morte é o fato de continuar vivo para observar-me definhando. Sou vago, preenchido de um vazio que nada me adiciona. Vazio de desespero. E em minha lápide imaginaria, há escrito: "O último romântico"
Contudo, ainda caminho, ainda respiro e meu coração ainda palpita, mesmo que fraco como o sol da alvorada. É perdido que sempre acabo encontrando o caminho certo. Muitas das vezes o único caminho que tenho pra seguir.
Enquanto vivo morto, continuo e espero. Fé e coragem naquilo que há dentro de mim neste momento. Coragem e fé. Pois eu sou diferente. O poeta que ainda vive pra contar seus contos, derramar seus prantos. Sentindo a brisa dor, sentindo a selva densa e esperando o tempo que for necessário para que só que importa e o que for bom da dor permanecer.
Mais uma cerveja em minha mesa. Mais um samba triste em meus ouvidos e pulmões.




Pense o que você quiser. (Y)

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