quinta-feira, agosto 4

Esses 2.

Por Giselli Duarte.
Dois corações que batem em sincronia chocam-se antes de se distanciarem. A dor, entretanto, é muito maior quando estes rebeldes corações estão longe do que quando um atinge o outro. O choque é a felicidade. Rara e passageira. Acontece tão rápido que nem os olhos conseguem enxergar. Jamais pôde ser visto tanta pureza como se pode com esses dois pares de olhos. Enquanto um par chora, o outro se esconde atrás das pálpebras cansadas. E quando o um desiste de chorar e olha para o horizonte, o outro surge e os olhares jamais se encontram. Jamais se cruzam porque o vento leva e trás o aroma da pele e do perfume.
Dois lábios que se tocam dizem, em forma de beijo, mais do que qualquer sábio diz saber. Duas línguas, quando se entrelaçam, formam mais figuras e fazem mais mímicas do que um palhaço. Pois então que sejam pintados esses dois narizes para que brincar de ser feliz possa ser uma obrigação. Porque quando duas bocas juntas puxam o ar e inflam os pulmões, a canção que pode ser ouvida é emocionante e bela. Onde quer que estejam esses dois pares de ouvidos, estas vozes serão ouvidas.
No fim do dia, deitado na cama, sozinho, pronto pra dormir, um destes dos dois corpos pega seu par de mãos e acaricia os cabelos, imaginando que são as mãos do outro. Nessa de imaginar, o outro corpo sai vagando pelos bares, pensando naquela canção que separados cantavam um para o outro e quando seria o instante em que aquela voz que a janela aberta permite o vento trazer falaria segredos no par de ouvidos que são surdos e não sentem nenhuma boca que não seja a do outro.
Há dois telefones. Dois pares de pernas que se balançam ansiosamente, esperando o aparelho tocar e em seu visor aparecer o nome que a memória não quer lembrar, mas que a vontade de ler é insuperável. Há dois computadores. Vendo as fotos e lembrando do que se deveria deixar guardado, mas que a saudade é invencível.
Duas mentes brilhantes e envergonhadas que tentam usar deste artifício para enganar a todos de que não há saudade, não existe desespero e nem vontade para um novo choque de coração e alma. Que sabe, lá nas entranhas do interior, do verdadeiro significado e do que estes corações acostumados com a dor do vazio precisam para serem preenchidos novamente. Está tudo bem, por fora. Os lábios que procuram outros lábios encontram a garrafa da oitava cerveja. Os olhos que procuram os outros pares encontram um céu nublado. Sorrisos são cobrados, mas sorrisos que não vêm da alma não têm o mesmo brilho.
E esse abismo, esse vácuo, essa ausência chamada saudade faz com que esses dois corpos, duas mentes, dois pares de olhos, ouvidos, pernas e mãos, perguntem-se porque o outro alguém foi parar tão longe e porque estes dois corações não se chocam com mais força desta vez, para tornarem-se livres para se unirem e pulsar o amor, todo amor, de maneira uniforme. Dois corações duros como rochas, esperando que todo o resto destes dois conjuntos complete o simples quebra-cabeça de duas peças: Você e eu.




 Pense o que você quiser. (Y)

4 comentários:

Ti Ferreira disse...

que lindoooo

Brunna Maimone disse...

Incrivel Dongo!
da vontade de ler mais!

vi até um filme!

parabéns =)

Anônimo disse...

Como sempre, fascinante!
Você é um detalhista de primeira.
Envolve-nos com sua narração, levando a imaginar as situações.

E que belo encontrar aqui a nossa foto!!!!

Saudades de conversar, beber, e dar gargalhadas com você, apareça vai!!!!

Beijos,

Giselli.

Milena Mendanha disse...

Sensacional Donguete!
Muito bom mesmo! Emocionante!!! Parabéens. Você está arrebentando!

Beiijos,
Mi


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