terça-feira, outubro 4

Cor, ação.

Aquela maquina de fotografar não registrava mais momentos bons. Paisagens eram vagas lembranças de um rapaz olhando para um coqueiro, com um horizonte em pôr-do-sol. Cor de arco-íris, visto da varanda de um salão de beleza, da periferia, com delicadeza. Passaram-se dias, semanas, meses e anos. Passaram luas minguantes, novas, crescentes e cheias. Coração ainda vazio, sempre só, sem preservação. Onde ele estará?
Pensei que vivia sem meu coração. Pensei que meu coração era mesmo aquele que recortei de uma folha de caderno, pintei com uma caneta azul brilhante e dei. Transplantei meu coração e o transfundi em uma composição de sentimentos fortes. Quando meu presente mais singelo foi guardado dentro de uma gaveta e, aparentemente, esquecido, sofri e achei que o perderia para sempre. Achei que ele não estaria mais comigo, me completando, me preenchendo. Enchendo meu peito e circulando toda estas misturas e composições. Onde ele estaria?
Entretanto, depois de tanto tempo, senti meu coração sofrido bater.
Achava que ele não estava mais dentro de mim. Até minh'alma mandei buscá-lo. Mas ele estava, esteve, sempre adormecido, querendo voltar a pulsar todas essas composições e sensações especiais. Repentinamente o corpo voltou a corresponder às preces, aos comandos, e os olhos viram o que nem o mais puro dos corações poderia não sentir. Encontrar aqueles olhos olhando sem medo diretamente para os meus, fez como um desfibrilador. Minhas pernas tremeram como treme a base daquele liquidificador que mistura todas as frutas ao leite, às sensações ímpares que retidas ficaram e ficarão até toda a eternidade. Eterna é esta, a classe dos românticos, dos que sofrem e querem. Dos que gritam e gritam. Dos que, mesmo achando que jamais amem novamente, podem voltar a sentir a mesma euforia do primeiro encontro, do primeiro abraço.
Esta foi a primeira vez, com ela foi a primeira. E a primeira coisa dita ao copo do bar, amigo do peito, da garrafa vazia, foi um "estou apaixonado" quase inaldível. Olhar naqueles olhos me fez perceber que olhar para frente também pode ser uma boa saída para deixar para trás o vago intuito de fazer o coração, de cor e de ação, sentir o que os filósofos explicam - ou tentam - com textos extensos. Uma chance, aquela que há tanto ansiei. Chegou até mim, com aroma doce, voz melódica e toque suave.
Coração, idiota, este. Sem ação, sem cor. Sem denominação. Simplesmente aqui, vivo, bombeando aqueles meus mais íntimos sentimentos. Fotografando, novamente, meus bons melhores momentos.



Pense o que você quiser. (Y) 

2 comentários:

Lidiany Schuede disse...

Olá!

Há muito tempo acompanho seu blog com muito carinho. Encanta-me faz tempo teus singelos e tão sinceros sentimentos, teu jeito de descrevê-los... Confesso que foi quase a história de um livro essa tua história de amor. E eu ficava aqui por trás da minha telinha, torcendo pra que tudo isso desse num final feliz! E é isso que te desejo; a felicidade de recomeçar. E estou feliz por você ao ler esse seu último post, de verdade. =)

Beijão, e prazer!

Paula Carolina disse...

Eu amei, sem mais. Muito lindo! ♥


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