segunda-feira, dezembro 6

Recordar é viver. É reviver.

Conforme caminhamos pela estrada sinuosa e saborosa da vida, deparamos-nos, por vez ou outra, com momentos em que nosso passado, presente e futuro se encontram. Uma convenção que recordam emoções, degustam lembranças e vislumbram o mistério dos acontecimentos passados e os que passarão. É como um milagre raro. Vereda ímpar, em que apresenta ao mundo um ser novo, completo. Um ser eu concreto e abstrato simultâneamente.
Passado.
A saudade que há muito entristeceu, também acalma e melhora os ânimos diante de tanta dor e infelicidade, certas vezes. Relembrar sem a vergonha adolescente é divertido e sincero. O que pensávamos naquela época? Como nos víamos? Como víamos um ao outro?
Como pode sair da minha memória aquela baixa estatura, cabelos negros e lisos até os ombros, dotada de um sorriso misterioso, radiante e ansioso para me ver. Trajada com jeans e blusa preta, rosto sujo de ketchup, lançou-me um olhar de reprovação logo ao me ver. Havia deixado-a esperando por mim durante duas longas horas, enquanto eu observava-a de longe, rindo, enquanto nos falávamos no celular. Uma Siqueira Campos que protagonizou algo inédito e único. O único encontro de "sei lá o que" com "sei lá quem".
O sol do verão intenso foi a testemunha que compartilhou comigo as primeiras palavras da senhorita que me aguardava.

" - Se importa de me beijar após eu ter comido um cachorro quente?"

Como eu me importaria com esse detalhe? Mesmo que breve, fora um beijo inesquecível. Marcou como tatuagem o que era pra ser escrito com giz.
Presente.
É de importância singular poder recordar esses fatos. Aconteceu, mas faz tanto tempo que muitas coisas se perderam em nossa memória. Gargalhadas sucessivas a cada lacuna preenchida da história. Recordar é mais do que viver, é reviver. Algo que não se faz sozinho. Algo que não se consegue ter o mesmo resultado sozinho. Recordar em par é reviver e sentir, de forma lúcida, tudo o que já não existe mais.
Futuro.
É confortante saber que o que passou, simplesmente passou. Não volta mais e nem nunca vai voltar. Por mais que o futuro cruzam os caminhos das pessoas em determinados momentos, nunca, jamais, será igual ao que foi um dia. Compreendo que é um sonho poder ter em meus braços aquela menina metida a esperta, metida a beat, com o sujo completamente salpicado com ketchup, sorrindo daquela maneira. Eu mudei, muito. Nós mudamos. Não nos falávamos durante todos esses longos 3 anos. Apesar de ser uma pena saber que o tempo não anda para trás e compreender que eu jamais verei o seu olhar adolescente e sapeca, confesso não saber como conter a curiosidade pra saber em que - e em quem - esse olhar se transformou.

Reedição do texto "Recordar é viver" de 22 de janeiro de 2009.
Com as modificações que a ocasião exige.
Dedicado à caróu.

Pense o que você quiser. (Y)

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