domingo, junho 5

O grito.

Da tempestade nasce o arco-íris.
Aos poucos o coração deixa de bater com ferocidade e com o tempo o corpo fica frouxo e repousa. Os sentidos se relaxam e a cabeça esquece, um pouco. Tudo vai se esvaindo lentamente, escapando pela torneira improvisada e criada emergencialmente. Noites difíceis estão por vir. Portanto, melhor deixar de lado um pouco deste excesso de sentimento que ainda há.
A vontade de gritar, após alguns inaudíveis, é enorme. Poder, desta vez, abusar de toda potência vocal e explodir vidraças. O grito de "eu te amo" que está preso e acumulado precisa sair. Contudo, o que sai é apenas um punhado de ar de suspiro de saudade. A areia fina que desce pelo pequeno orifício do relógio, cai mais rápido do que o tempo que passo sem viver. A ampulheta não vira sozinha, o jogo não muda sem luta, sem entrega.
Dissiparam-se as núvens. Um novo dia está nascendo.
Inspira, respira. Inspira e prende. Não quero lembrar, não quero saber. Nem que sejam por somente alguns instantes. Ao abrir meus olhos, de súbito, após mais um de incontáveis sonhos bons, tenho a convicção de que serei uma pessoa nova. Um ser que está no meio do furacão mas que também é o próprio redemoinho de rajadas de vento. Devastarei. Descontarei em tudo e em todos, afim de me libertar deste mal e voltar a ser brisa de verão. Estou no ponto mais alto da bipolaridade. A cura é a insanidade. Loucura e inconsequência me levarão ao Nirvana do entendimento e compreensão.
Sol forte. Queima a pele de quem sai para viver.
A recompensa não é sempre reluzente. Um aperto de mão vale mais do que uma moeda. Um abraço vale mais do que um aperto de mão. Uma palavra dita vale mais do que uma escrita, como disse Branco, tempos atrás. Não é preciso ver? As coisas mudam e o furacão leva as questões de outrora. Minh'alma clama por sons de idiomas diferentes. Ecce sentiant animo finxerunt. Essa frase soa muito melhor na língua mãe.
Cai o sol. Reinam as estrelas. Destas, após dias, restam apenas poucas, pois as núvens agora imperam no céu. Dias nublados, noites com trovões e raios. A tempestade.
Jogo, mais uma vez, essa mesa para o alto. Quebro-a, novamente. Grito. Grito até que o "eu te amo" tome qualquer outra forma compatível com minha garganta e pregas vocais, para que possa ser expelida. Pois nada faz sentido. Grito mais e mais alto, na esperança de que alguém tome conhecimento da minha loucura e me dê remédios para dormir. Dormir sem sonhar aqueles sonhos bons, que me fazem acordar e querer gritar uma frase que não consegue ter encaixe mais em minha boca. Que não tem mais destinatário.
Não pode ser entregue em qualquer casa. Pois é puro, é raro. é simplesmente singular.




Pense o que você quiser. (Y)

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