quinta-feira, janeiro 12

Super Herói.

Eis o dia em que deitamos na cama para poder sonhar, para dormir, reunir forças para o dia que se sucederá. Não há desejo maior, nestes últimos tempos, do que simplesmente se envolver na escuridão e não enxergar nada até que a alvorada e seu majestoso sol toque nas pálpebras fechadas e distantes. Estou farto daqueles sonhos bons que só me faz lembrar a minha insignificância em vida. Tão bom seria se vivêssemos nos sonhos, se fossemos mesmo super heróis. Eis um sonho em que o maior heroísmo era salvar minha própria vida da destruição.
Pois eis algo que sou mestre em fazer: Potencializar minha vida. Tanto para o lado positivo como para o negativo. Quando o despertador avisa que devo me preparar para mais uma batalha, meu corpo mal descansado ergue-se com dificuldade e encaminha-se para uma cachoeira que limpa as dúvidas do dia anterior e encharca com novas e mais misteriosas. Eis que lembranças voltam para nos ferir. Por que elas existem? Porque nossos erros sempre estão em nossa mente para dizer que não somos super heróis como desejaríamos, que não passamos de meros, pobres e miseráveis mortais?
Eu não sei voar, não consigo andar sobre as águas. Não consigo ajudar aqueles que amo. Eu não consigo nem mesmo me salvar. O poço fundo me espera, mas ainda falta para chegar até o fundo do poço. Sem saber como, ainda me seguro em suas bordas, mesmo que não tenha forças para me render, ainda tenho forças suficientes para não me entregar. Eu posso não ser um super herói como gostaria, mas ainda luto, por mais que não sei com que força. Luto e choro. Eis aqui um alívio. Os heróis também podem sangrar, podem errar, podem perder. Os heróis também se vão. Eis que não é fácil se decompor assim.
Debruçado no parapeito da janela eu choro como nunca antes havia chorado. Recordando rapidamente, como um filme triste, tudo o que aconteceu comigo até então. Questionando-me porque e por quem eu ainda consigo viver depois de tudo, como consigo sorrir, como consigo encontrar forças para me reerguer novamente e novamente, todos os dias. Não é fácil viver assim, sem caminho, sem objetivo ou com objetivos ofuscados por obstáculos impossíveis de se atravessar como um ser humano normal. Chorando, soluçando e observando o sol brilhar imponente no céu. O quinto andar não é um dos mais altos, mas ficar de pé sobre ele e me entregar ao vento acabariam com os problemas.
Eis uma solução simples. O fim. Mas e aqueles que têm amor por mim? E aqueles que, mesmo eu não significando nada, consideram-me um herói? Que tipo de boa ação eu fiz para conquistá-los, para fazerem ser devotos a mim? Não posso desistir. Por estes, não poderia nunca. Como os verdadeiros heróis são os que me consideram tão espetacular? As contradições que a vida me impõe são sempre tão subjetivas. Não sou capaz de entender. Não é fácil saber.
Eis, no fim, que o fim é somente a continuação de mais um dia. Se eu sobrevivi até hoje, foi porque os heróis que fizeram de mim um herói não me deixaram desistir. As lágrimas nos olhos são intermináveis, mas eu vou continuar, vou sofrer. Seja como for, agora eu sei que o meu papel é ser o herói destes que me acolhem. Aqui no mundo. Eis que continuo procurando o meu caminho, minha estrada para viver e amar.




Pense o que você quiser. (Y)

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