sábado, julho 21

A caixa branca.


O ambiente, outrora sereno, me tortura neste momento.
Caixas e papéis escritos, datilografados, retratam a história de tudo o que eu gostaria de ser. Vejo reflexos dos meus antepassados, verdadeiros ídolos e heróis, e anseio por uma oportunidade de ser somente uma partícula, uma mísera molécula, de tudo que foram para mim e para o mundo. Estou preso, entretanto. Preso num avesso de imensidão branca, pura e, teoricamente, livre. Um ambiente que sempre me trouxe calma e reflexão, o infinito, agora me prende, me acorrenta.
Ninguém deveria ter medo de tentar algo novo. A filósofa de bar, que vive em meus tempos, apesar de ter uma mente munida com séculos de experiência, assegurou-me que as pessoas não deveriam ter medo de mudar, pois mudar é evoluir e evoluir é se conhecer. A inconstância faz de nós o que somos: Seres humanos passivos de erros e imperfeições. Mudar, mais do que simplesmente se conhecer, pra mim, é se libertar e redescobrir o sentido que, em certas estradas na nossa jornada da vida, deixamos para trás.
Uma pausa forçada e um retorno para a triste realidade. A caixa é pequena, desconfortável. Não cabe a quantidade de ideias que tenho dentro de mim. Meu corpo está em ebulição. E se cortam as minhas mãos para que eu não possa escrever, se costuram minha boca para me calar, se me põem venha nos olhos, ainda assim penso. Penso, logo, existo e existo logo. Penso, formando um tudo, usando vinte e seis letras e uma infinidade de pontuações, acentuações e aspas. Reedito, entre aspas, retratos do passado que parecem que foram feitos para mim. Uma mescla de muitos genes, formando uma estrutura literária sólida e para a vida toda.
Peço, encarecidamente, que deixem o garoto brincar. Deixem o menino desenhar suas letras, suas prosas. Permitam com que ele mostre o seu retrato, que deixe sua marca. Façam com que ele saia desta caixa apertada, tortuosa, viva e conheça o seu próprio exterior. Deixem que ele mude, cresça, evolua. Que se embriague de saber e se fortaleça de sonhos e metas.
A dele – a minha – é singela.
Simplesmente sair desta caixa.



Pense o que você quiser. (Y)

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