segunda-feira, agosto 23

Entre a capacidade e as feridas.

Achei que estava calejado de desilusões. Outrora havia julgado que senti todo o sofrimento possível e que jamais tornaria a tê-lo. Nunca mais senti aquele sofrimento de antes, mas a dor agora é pior e mais intensa. Ultrapassa todos os limites que o corpo pode suportar. Nunca antes pus a mão no peito e o massageei, tentando inutilmente amenizar a dor. Nunca antes sonhei tanto com uma mesma pessoa, lembranças boas, ruins, e coisas que não aconteceram mas que gostaria ou não que acontecesse.
Achei que estava maduro e adulto o suficiente para encarar a vida e todas as suas desilusões. Outrora havia pensado que um raio não caia duas vezes no mesmo lugar. E, de fato, ele não cai. Fui atingido no fundo da alma com uma atitude que, mesmo esperando que aconteceria mais cedo ou mais tarde, não pensei que seria justo naquele momento em que eu carregava toneladas de novos planos e propostas. Cegou meus olhos de tal forma, que não consegui raciocinar numa saída lúcida para tal situação, permiti, então, que meus instintos e mecanismos de defesa agissem por sí só. Sofri mais, me machuquei ainda mais, por não dizer, fazer e agir da forma com que eu realmente gostaria.
Achei que era capaz de controlar a minha mente em toda e qualquer ocasião. Outrora havia determinado a mim mesmo não conhecer o que era a felicidade, o amor. E esses sentimentos eu descobri que só existiram enquanto acreditava neles. O que vejo agora não é amor ou felicidade. É algo que não tem nome, denominação. É algo que te leva do céu ao inferno com somente um único passo, que nos faz a melhor e a pior pessoa ao mesmo tempo, que nos faz assumir a culpa e a responsabilidade de tudo, mesmo sabendo que não é essa a verdadeira realidade. É algo que não se pode lutar contra, mesmo quando o fim chega. É um sentimento que não se pode simplesmente jogar no lixo, porque ele é auto suficiente e se regenera dentro de nós sempre que tentamos excluí-lo. Talvez se ele deixar de ser alimentado possa morrer um dia. Mas deixá-lo morrer faz sofrer tanto quanto mantê-lo vivo.
Achei que conhecia os segredos e armadilhas da vida. Outrora havia constatado mudanças dentro de mim e um amadurecimento quanto aos sentimentos. Realmente eu amadureci. Criei coragem para seguir em frente e arriscar algo maior, verdadeiramente puro e sincero. Acreditei que encontraria a paz ao observar um sorriso, a liberdade ao me fundir e me prender em outro corpo. Realmente mudei de opinião. Agora eu tenho certeza de que não haverá sentimento maior, mais puro, mais forte e que me entristeça tanto. Posso até encontrar alguém que seja capaz de me proporcionar sentimento maior. Entretanto, eu já guardo dentro de mim o infinito do infinito. Não há mais lugar para nada.






Pense o que você quiser. (Y)

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