quinta-feira, abril 21

Três dias de paz.

"O corpo anda conforme os pensamentos transformam-se em passos, conforme a música toca, preenchendo espaços. Lenta e instigante vinda do meu headphone, inseparavel amigo de meus ouvidos. Vinda de meus pés, aos passos soltos sobre o pentagrama, nota após nota, seguindo o compasso, passo à passo. E quem diria que eu estaria tão contente, ao poder perceber que voltava pra casa novamente. Um lugar onde fiz meu nome, minha personalidade. Onde fui criado por quem mais experiente do que eu é. Onde criei minha expectativa, meus próprios objetivos.
Ao fechar aquela porta e ter certeza de que deixaria saudade, não me importei com o quanto de viagem ainda seguiria. Pois eu sabia, sim, sabia, que o mundo não acaba para quem arrisca e perde. A saudade apertava meu peito, cada dia mais, nesses dias que passei apertado em um colchão no chão, dividindo jantar e almoço, dividindo sonhos. Quero o que é meu de volta! Por mais que eu saiba, sim, que a saudade apertará o peito de quem deixei, estou voltando para os seios de quem me alimentou e fez de mim um ser "eu".
É mais do que uma transição. Um portal novo se abre ao velho hábito. Estou de volta, com mais bagagem do que quando parti, há anos atrás. A mochila velha ainda é a mesma sobre minhas costas, mas o que carrego de novo é algo sensacional e ímpar. Posso ver as mudanças em minha pele, em meu pensamento, em meu íntimo. Progredi, regredi e permaneci, assim sendo, a mesma pessoa de sempre. Carreguei no peito um amor maior do que qualquer outro. Outrora, pensava que amor era obra da imaginação. Outrora, imaginei que sentimento não cabia dentro de um peito tão frio e vazio. Mas coube. Tão perfeitamente coube, como o vinho que bebo com meus novos companheiros cabe em meu copo, em sua ânfora.
E, sem nem me lembrar de que agora meu peito segue vazio, apesar de preenche-lo com velhas novas sensações, percebi que passaram-se três dias. Um acordar repentino de um sonho qualquer me fez perceber que o vazio não preenchia mais o vazio que o amor deixara. Estava curado e de volta ao meu lar. O lugar de onde nunca deveria ter saído, apesar de concluir que fora uma boa experiência. Terrível. Os choros deram lugar aos sorrisos, as lembranças tornaram-se amenas. Somente lembranças, somente boas e velhas recordações de um tempo que vivi, que não volta mais e que eu nem gostaria que voltasse, pois o sofrimento que sofri é pior do que o de muitos. Não se compara ao sofrimento de quem morreu por nós.
Mas, assim como aquele que morreu para livrar-nos de todo pecado, no terceiro dia, quando tudo parecia que estava definido, senti novamente tudo aquilo. Segundo Einstein, uma mente que se expande ao conhecimento jamais retorna ao seu tamanho original. Segundo qualquer poeta, um coração que se expande para abrigar um amor sempre será vazio se o próximo que preencher for menor. Nada é perfeito. E a música que seguimos e aprendemos a cantar é sempre a mesma, diferente para cada um.
Ressucitará. A dor. O amor."





Pense o que você quiser. (Y)

2 comentários:

Ti Ferreira disse...

Todo o texto é muito bom, mais o final é execelente =)

Priscila Faria disse...

Que texto!
Algumas coisas melhoram outras não, tudo é parte de nossa grandiosa imaginação.
abraçõs


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